O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desembarcou nesta sexta-feira (18) em Cuba, seu principal aliado e mentor ideológico, numa viagem improvisada vista como tentativa de marcar posição antes da histórica visita do presidente norte-americano, Barack Obama, à ilha.
Obama chega a Havana no domingo para coroar a atual reaproximação entre EUA e Cuba, após meio século de inimizade.
Miguel Guzmán Ruiz/Xinhua | ||
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desembarca em Havana com a mulher, Cilia Flores |
Maduro anunciou na quinta-feira (17) que iria a Cuba. Ao desembarcar em Havana, horas depois, disse que o objetivo da visita é consolidar a "irmandade profunda entre nossos povos e nossas revoluções".
O presidente afirmou que discutiria com o governo cubano um pacote de cooperação que se estenderá até 2030 e incluirá temas econômicos, energéticos e políticos.
Além da simbiose política, consolidada sob a Presidência de Hugo Chávez (1999-2013), os dois países latinos têm pacto estratégico pelo qual Caracas manda 100 mil barris de petróleo diários a Havana e recebe em troca milhares de médicos comunitários e assessores militares.
Mas a degringolada dos preços petroleiros, que se soma à grave crise econômica na Venezuela, é vista por analistas como um dos fatores que levaram o regime cubano a adotar posição mais pragmática na relação com os EUA.
Segundo diplomatas, o processo de normalização entre Havana e Washington é um duro revés para a Venezuela, cada vez mais isolada na sua posição anti-americana.
Ao contrário de Cuba, laços de Caracas com Washington continuam marcados por tensões e desentendimentos, apesar de os EUA ainda serem os maiores compradores do petróleo venezuelano.
Há duas semanas, a Casa Branca renovou por mais um ano uma ordem executiva (decreto-lei) que incluiu a Venezuela entre os países considerados ameaça à segurança nacional dos EUA. A medida, que ampara politicamente sanções emitidas contra altos funcionários venezuelanos, visa a retaliar violações de direitos humanos e práticas corruptas cometidas pelo governo chavista.
EUA e Venezuela não têm embaixadores em suas respectivas capitais desde 2010. Caracas acusa Washington de tentar repetir 2002, quando os EUA apoiaram um fracassado mas sangrento golpe de Estado contra Chávez.