Folha de S. Paulo


Obama prometerá abrir documentos sobre ditadura militar argentina

Em sua visita a Buenos Aires, o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciará que fará um "amplo esforço" para tornar públicos os documentos americanos relacionados à última ditadura argentina (1976-1983).

O anúncio deverá ser feito em 24 de março —data do aniversário de 40 anos do golpe de Estado contra Isabelita Perón— no parque da Memória. No local, o dirigente homenageará as vítimas da ditadura.

Cerca de 4.000 papéis tidos como secretos já tiveram seu sigilo retirado pelos EUA. Esta, porém, será a primeira vez que documentos militares e da agência de inteligência deverão ser liberados, disse Susan Rice, assessora de segurança nacional de Obama.

Rice afirmou que a decisão foi tomada após pedido do governo argentino. Em fevereiro, o presidente Mauricio Macri havia recebido essa demanda de associações de familiares que perderam seus parentes durante a ditadura.

Na quinta (17), o jornal "New York Times" publicou um editorial pressionando os EUA a divulgar os papéis: "Ele [Obama] deveria prometer que Washington revelará de modo mais completo seu papel nesse capítulo negro da história argentina".

O anúncio deverá amenizar as pressões dos movimentos de direitos humanos, que criticaram a visita coincidindo com a data de aniversário do golpe.

Após as reações negativas, a agenda de Obama na Argentina já foi alterada pelo menos duas vezes.

Protestos de familiares das vítimas e de partidos políticos de esquerda costumam ocorrer no dia 24 para relembrar o golpe.

Para evitar incidentes, a Casa Branca decidiu marcar uma visita do mandatário a Bariloche, cidade que já recebeu outros dirigentes dos EUA, como Bill Clinton, em 1997. A viagem deverá ocorrer após a homenagem às vítimas.


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