Folha de S. Paulo


Obama planeja homenagem a vítimas da ditadura em viagem à Argentina

O presidente americano, Barack Obama, deverá prestar uma homenagem às vítimas da última ditadura da Argentina (1976-1983) em sua visita ao país, programada para a próxima semana. Ainda não há informações sobre o local onde ocorrerá o evento.

Na quarta-feira (16), o diretor para a América Latina do Conselho de Segurança da Casa Branca, Mark Feierstein, confirmou a homenagem, mas não deu detalhes.

Possivelmente, ela será na manhã do dia 24 de março –data em que o golpe de Estado argentino completará 40 anos–, antes de o presidente americano seguir para Bariloche.

Inicialmente, considerou-se uma visita de Obama à Esma (Escola Superior da Marinha), principal centro de tortura na ditadura e que em 2004 foi transformada em um centro de memória do terrorismo de Estado e de promoção dos direitos humanos.

Após críticas de organizações que procuram parentes desaparecidos durante o período, porém, a ideia teria sido descartada.

Jonathan Ernst - 16.mar.2016/Reuters
U.S. President Barack Obama delivers remarks at a Women's History Month reception at the White House in Washington March 16, 2016. REUTERS/Jonathan Ernst ORG XMIT: WAS903
Barack Obama em evento na Casa Branca, nesta quarta

A agenda do mandatário na Argentina já foi alterada pelo menos duas vezes depois das reações negativas à data da viagem.

Protestos de associações de direitos humanos e de partidos políticos de esquerda costumam ocorrer no dia 24 de março para relembrar o golpe. Essas organizações são contra a presença de Obama nas celebrações devido à colaboração americana com a ditadura.

Para evitar incidentes, a Casa Branca decidiu realizar a viagem para Bariloche, cidade que já recebeu outros dirigentes dos Estados Unidos, como Bill Clinton, em 1997.

Obama chegará a Buenos Aires acompanhado da mulher, das filhas e da sogra na noite de 22 de março, após sua visita a Cuba.

Na manhã seguinte, se reunirá com seu par argentino, Mauricio Macri. Os dois deverão discutir questões de economia, segurança, mudança climática, democracia e direitos humanos. Em seguida, o americano visitará a catedral da cidade.

De tarde, participará de um encontro com jovens, que poderão lhe fazer perguntas, e, de noite, de um jantar oferecido pelo mandatário argentino.

Na quinta (24), viajará para Bariloche. Não há informações sobre o retorno a Washington.

A visita de Obama marca a reaproximação da Argentina com os Estados Unidos. A antecessora de Macri, Cristina Kirchner, havia se afastado da principal potência global por questões ideológicas.

O diretor do Conselho de Segurança da Casa Branca elogiou várias vezes o novo governo nesta quarta (16), em entrevista coletiva.

"Não é nenhum segredo que, durante muitos anos, os Estados Unidos e a Argentina não tiveram uma relação forte", afirmou.


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