A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, fez neste sábado (12) um discurso em que voltou a defender sua política para refugiados, mas cobrou deles respeito aos valores do país e integração com a sociedade alemã.
Ela falou no fechamento da campanha de seu partido, a CDU (União Democrata Cristã), em Baden-Württemberg, um dos três Estados que vão às urnas neste domingo (13) para renovar os Parlamentos locais. A eleição é vista como um termômetro do sentimento dos alemães com relação à questão migratória.
Merkel disse que "em certas situações não há como fazer um longo debate sobre princípios", numa referência à sua decisão de abrir as fronteiras do país para dezenas de milhares de sírios fugindo da guerra civil, em setembro de 2015.
No entanto, a chanceler cobrou que os cerca de 1,2 milhão de refugiados atualmente no país se integrem à sociedade alemã. "Isso é um dever, não uma oportunidade", disse. "Se alguém pensa que não precisa aceitar nada vindo de uma mulher, então esse alguém está no país errado."
O momento em que os 1.400 presentes ao evento mais aplaudiram a chanceler foi quando ela falou sobre os casos de violência sexual cometidos por refugiados, entre outros envolvidos, durante a celebração do Ano-Novo em Colônia. "Foi devastador ter ficado a impressão de que, se refugiados se envolveram em atos criminosos, não falaríamos sobre isso."
Merkel voltou a fazer uma espécie de jogo duplo em seu discurso, pois não recuou sobre a questão de manter o abrigo aos que chegaram ao país –algo criticado abertamente por seus próprios aliados da CDU–, mas ao mesmo tempo tentou passar a impressão de mais rigor, tentando agradar ao partido.
A situação em Baden-Württemberg, rico Estado industrial e terceiro mais populoso do país, é curiosa: o governador, Winfried Kretschmann, é do opositor Partido Verde, mas apoia a política de refugiados da chanceler. Com isso, o primeiro nome da lista da CDU no Estado, Guido Wolf, buscou se distanciar de Merkel nessa questão. As últimas pesquisas apontavam ligeira vantagem para os Verdes, com 32%, ante 29% da CDU.
Na Alemanha, os Estados seguem o sistema parlamentarista, com a maior bancada ou coalizão fazendo o "ministro-presidente" (governador). Os outros dois Estados que vão às urnas no domingo são Renânia-Palatinado e Saxônia-Anhalt.