Folha de S. Paulo


Contra racha republicano, Ben Carson apoia Trump

Carlo Allegri/Reuters
Republican U.S. presidential candidate Donald Trump (R) shakes hands with former Republican presidential candidate Ben Carson after receiving Carson's endorsement at a campaign event in Palm Beach, Florida March 11, 2016. REUTERS/Carlo Allegri ORG XMIT: WAS113
Ex-pré-candidato republicano Ben Carson ao lado de Donald Trump, a quem anunciou apoio

Líder da corrida presidencial republicana, mas em pé de guerra com a elite do partido, Donald Trump obteve um importante apoio nesta sexta-feira (11), do neurocirurgião aposentado Ben Carson.

Popular entre ultraconservadores, Carson estava na disputa presidencial até a semana passada. É o primeiro nome de peso a endossar Trump desde que o bilionário suavizou o tom nos últimos dias, pedindo união ao partido em torno de sua candidatura à Casa Branca.

Ao lado de Carson num luxuoso clube privado na Flórida, Trump comemorou o apoio do ex-adversário, afirmando que ele fortalece o seu esforço de pacificação com a elite republicana.

Até o anúncio de Carson, os políticos mais proeminentes a endossar Trump haviam sido a folclórica ex-governadora do Alasca Sarah Palin e o governador de Nova Jersey, Chris Christie.

Com apoio rarefeito no centro, Trump agradou a extrema direita, recebendo vivas de grupos como Klu Klux Klan, que prega a supremacia branca americana.

O estilo intempestivo do bilionário e seu discurso incendiário deixaram em pânico a cúpula republicana.

"Há dois diferentes Donald Trumps", disse Carson. "Há um que vemos no palco e há aquele que é muito cerebral, senta e considera as coisas com muito cuidado. Você pode ter uma conversa muito boa com ele. E esse é o Donald Trump que vocês vão passar a ver mais e mais."

Carson disse ter deixado para trás as diferenças com Trump, que teve momentos ásperos na disputa, como quando o magnata insinuou que ele tinha problemas mentais. Trump não hesitou em concordar. "É a política."

Diante do avanço de Trump, muitos republicanos disseram que apoiariam qualquer candidato apto a derrotá-lo.

O senador Marco Rubio aderiu a essa estratégia do voto útil anti-Trump. Um de seus assessores apelou aos eleitores de Ohio a votarem no governador do Estado, John Kasich, nas prévias do dia 15.

Em troca, Rubio espera os votos dos eleitores de Kasich e do senador Ted Cruz em seu Estado, a Flórida, que também terá prévias partidárias. Esta rodada é decisiva porque, em Ohio e na Flórida, o vencedor leva todos os delegados.

Com seu fraco desempenho nas prévias, Rubio sofreu uma fuga de simpatizantes, em busca de uma chance com mais chances de derrotar Trump. Apesar de ser impopular no partido, o senador ultraconservador Ted Cruz tornou-se essa opção.

Na briga pela candidatura republicana à Casa Branca, ganha quem conquistar um mínimo de 1.237. Trump tem 458, seguido de Cruz, 360, Rubio, 152, e Kasich, 54.

Após votações em todos os Estados, os delegados elegerão o candidato do partido em convenção, em julho.

Correndo por fora, Kasich manteve-se apartado dos estridentes entre os seus adversários, a maioria centrada em Trump. Sua aposta é vencer em seu Estado a fim de acumular um número de delegados suficiente para se manter na disputa.

Mais moderado da corrida republicana, Kasich espera ser um nome de consenso no caso cada vez mais provável de uma 'convenção disputada', em que nenhum dos concorrentes obtém o mínimo de delegados e há nova votação independente das prévias.

Ele espera apelar a uma maioria silenciosa, que estaria farta da troca de insultos entre seus adversários. Por enquanto, poucos figurões do partido apoiaram abertamente Kasich. Um deles foi o ex-governador da Califórnia, o ator Arnold Shwarzenegger.


Endereço da página: