Doze países, liderados pelos Estados Unidos, criticaram "a deterioração dos direitos humanos" na China em uma declaração lida durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, nesta quinta-feira (10).
O embaixador americano Keith Harper cobrou que o governo de Pequim libere ativistas detidos no país, sejam chineses ou estrangeiros. E afirmou que as frequentes transmissões, pela televisão, de supostas confissões de detidos por crimes diversos, antes mesmo de processos judiciais, violam convenções internacionais e as próprias leis chinesas.
O raro posicionamento foi apresentado em conjunto com Austrália, Japão e nove países europeus.
Especialistas apontam maior cerco às manifestações individuais e pressão sobre a sociedade civil após a chegada ao poder do presidente Xi Jinping, em 2013.
A China tem sido criticada pela prisão de cerca de 200 advogados ligados a questões de direitos humanos, em 2015, e a uma maior censura nas redes sociais e jornais.
Sophie Richardson, diretora da Human Rights Watch para a China, comemorou as críticas à China. "A declaração mostra que, enquanto o presidente Xi Jinping pensa que ele pode erradicar diferenças de opinião em casa, o mundo apoia os defensores em combate pelos direitos humanos na China", disse em nota divulgada pela entidade.
REAÇÃO FIRME CHINESA
A delegação chinesa no conselho reagiu de maneira firme à fala do embaixador americano. "Os Estados Unidos são um país notório por prisões abusivas em Guantánamo, sua violência por armas é desenfreada, o racismo é um mal enraizado", afirmou ao conselho o diplomata Fu Cong.
"Os Estados Unidos conduzem escutas clandestinas em larga escala, usam drones para atacar civis inocentes em ouutros países, suas tropas cometem estupros e assassinatos de locais em terra estrangeira. E promovem sequestros no exterior e utilizam prisões clandestinas."
Dylan Martinez/Reuters | ||
Dalai Lama, acusado de separatismo pela China, em festival no Reino Unidos, em 2015 |
Em outro episódio, a delegação chinesa escreveu para diplomatas e integrantes da ONU recomendando que eles não compareçam a um evento marcado para esta sexta (11), em Genebra, onde falará o Dalai Lama, acusado pelo governo chinês de separatismo. A carta foi escrita na terça (8), dia em que o evento, patrocinado pelos Estados Unidos e o Canadá, foi anunciado.