Vitorioso em mais três Estados na disputa pela candidatura republicana à Casa Branca (Michigan, Mississippi e Havaí), Donald Trump pediu união ao partido em torno de seu nome para enfrentar os democratas nas eleições de novembro.
Num longo discurso em que aproveitou a atenção da mídia para exibir bifes e vinhos com a sua marca, o magnata pediu o fim dos ataques da elite republicana a ele.
Joe Skipper - 8.mar.2016/Reuters | ||
O candidato presidencial Donald Trump discursa na Flórida após vencer as primárias de terça-feira (8) |
"Espero que os republicanos abracem isso", disse Trump sobre sua campanha, afirmando que tem atraído milhares de pessoas para o partido. "Se nos unirmos, ninguém poderá bater o Partido Republicano".
Nos bastidores, Trump tenta se aproximar da liderança republicana. O bilionário disse que teve uma discussão "conciliadora" e "inteligente" com o presidente da Câmara, Paul Ryan. "Entendemo-nos bem. Gosto muito dele. Respeito ele", disse. "E acho que ele me respeita."
Se há um movimento de união no partido, porém, ele é direcionado contra o bilionário. O ex-governador Jeb Bush, que deixou a disputa há duas semanas, marcou reuniões com os três rivais de Trump: os senadores Ted Cruz e Marco Rubio e o governador de Ohio, John Kasich.
Segundo Charles C. Foster, que integrava a equipe de Jeb, a tendência é apoiar Cruz.
"A maioria acha que Ted é o melhor veículo para derrotar Trump", disse. "Alguns estão entusiasmados, outros dizem 'não era minha primeira opção, mas apoio qualquer um que possa vencer Trump'."
A empresária Carly Fiorina, que também abandonou a disputa, anunciou o seu apoio nesta quarta (9) a Cruz. Em comício do senador em Miami, Fiorina se disse "horrorizada" com Trump e afirmou que Cruz é o único que pode enfrentar os lobbies.
"Donald Trump e Hillary Clinton são dois lados da mesma moeda", disse Fiorina citando a favorita democrata. "Eles não reformarão o sistema. Eles são o sistema."
DIANTEIRA
As três vitórias de terça (9) —Ted Cruz venceu no quarto Estado a votar, o religioso Idaho— consolidaram a dianteira de Trump na disputa republicana, depois de uma freada nas prévias do fim de semana, que se seguiram a duros ataques do partido.
O bilionário tem 458 delegados, mais de um terço dos 1.237 que precisa para garantir a candidatura mas menos do que somam os rivais.
No fim do processo, os delegados apontados nas prévias de todos os Estados se reunirão na convenção do partido para escolher o candidato, em um primeiro momento seguindo as urnas.
Diante da divisão, porém, é possível que o partido tenha sua primeira "convenção disputada" desde 1948, em que nenhum concorrente obtém maioria e a votação é reaberta sem obedecer às prévias.
Ted Cruz tem 359 delegados, Rubio tem 151 e Kasich, 54. O ultraconservador Cruz virou a esperança da frente anti-Trump depois que a candidatura de seu preferido, Rubio, definhou nas prévias.
Rubio, porém, continua apostando na Flórida, seu Estado, para manter-se vivo na disputa. "Quem ganhar a Flórida leva a candidatura", diz.
O Estado, que vota dia 15, entrega todos os seus 99 delegados ao veitorioso, sem dividi-los, o que o torna fundamental na estratégia anti-Trump. Segundo pesquisas, contudo, o bilionário é favorito tanto na Flórida como em Ohio, de Kasich, que também vota dia 15 e dá ao vencedor sua delegação inteira.