Folha de S. Paulo


Partido-irmão de Merkel critica acordo da UE e Turquia para crise migratória

Condenado pela ONU e entidades internacionais, o acordo entre União Europeia e Turquia também foi alvo de críticas, nesta quarta-feira (9), de políticos alemães da União Social Cristã (CSU), partido-irmão da União Democrata Cristã (CDU) da chanceler Angela Merkel, que há meses vem sendo atacada por causa de sua política para os refugiados.

O secretário-geral da CSU, Andreas Scheuer, disse ao jornal "Passauer Neue Presse" que a Turquia agiu durante a cúpula extraordinária da UE na segunda (7) "jogando o preço [do acordo] nas alturas, como num bazar". A posição da CSU, disse Scheuer, é "contra a entrada da Turquia na UE e contra a liberação completa da exigência de vistos para todos os turcos", em referência a duas das reivindicações colocadas à mesa por Ancara na reunião de Bruxelas.

Uwe anspach - 14.dez.2015/Efe
MRK14 KARLSRUHE (ALEMANIA) 14/12/2015.- La presidenta del partido Unión Cristianodemócrata (CDU), la canciller alemana Angela Merkel, saluda tras ofrecer un discurso durante el congreso federal del partido en Karlsruhe (Alemania) hoy, 14 de diciembre de 2015. En este congreso, centrado en la crisis de los refuigiados, Merkel buscará el consenso con sus compañeros de centro-derecha en un intento por atajar la división interna que acusa el partido debido a las diferencias de criterio respecto a la gestión de la llegada incesante de refugiados al país. Mientras que un sector de la CDU reclama la imposición de cuotas a los refugiados, la canciller argumenta que el derecho de asilo no se puede limitar con cifras. EFE/Uwe anspach ORG XMIT: MRK14
Em reunião de seu partido, em dezembro, Merkel busca consenso sobre a crise migratória

Para o ministro dos Transportes, Alexander Dobrindt (CSU), a facilitação de vistos para turistas turcos precisa de regras claras de controle, "senão cria-se o terreno para uma nova migração ilegal". E o vice-líder da bancada CDU/CSU no Parlamento, Hans-Peter Friedrich, afirmou que a Turquia faz "jogo de gato e rato" com a Europa.

O descontentamento da base aliada de Merkel com a política para refugiados vem desde o ano passado, quando ela se mostrou disposta a acolher milhares de sírios que fugiam da guerra civil para buscar abrigo na Europa. Mas os números foram muito acima do esperado (1,1 milhão entraram na Alemanha em 2015, e 477 mil já pediram asilo), e Merkel foi pressionada a mudar o discurso e dificultar o acesso ao país.

A pressão maior vem da Baviera, importante Estado onde a CSU tem suas raízes e justamente a principal porta de entrada dos refugiados na Alemanha, vindos da fronteira ao sul, com a Áustria. O governador bávaro, Horst Seehofer (CSU), causou uma saia-justa a Merkel no dia 4, após visitar em Budapeste o premiê da Hungria, Viktor Orban, e elogiar sua decisão de fechar as fronteiras para refugiados.


Endereço da página:

Links no texto: