Uma adolescente de 15 anos, com aparência de estudante comum, tornou-se o centro das discussões sobre a ameaça terrorista na Alemanha e ao mesmo tempo uma espécie de mártir dos extremistas islâmicos no país.
Safia S., como vem sendo identificada pela imprensa alemã, está presa à espera de julgamento desde o dia 26 de fevereiro, quando esfaqueou no pescoço um policial na estação central de Hannover, 250 km a oeste de Berlim. O oficial sobreviveu após uma cirurgia, e Safia foi detida.
| Ronny Hartmann/AFP | ||
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| Pedestres caminham em frente à estação central de Hannover, na Alemanha, em março de 2015 |
O crime poderia passar despercebido não fosse a história da jovem. Alemã de origem marroquina e tida como boa aluna, Safia era conhecida em Hannover dentro dos círculos de salafistas, corrente que defende o retorno às origens do islã.
Seu "tutor" era um pregador radical, Pierre Vogel, cujos discursos estão disponíveis no YouTube. A menina aparece ao lado de Vogel em vários vídeos; num deles, então com sete anos, recita de cor trechos do Alcorão, livro sagrado do islamismo.
A mesquita em que Vogel faz suas pregações está desde 2013 sob vigilância das autoridades de Hannover, depois que cerca de 20 salafistas da região viajaram à Síria para lutar contra o ditador Bashar al-Assad. Em janeiro deste ano, Safia foi a Istambul.
Sua mãe foi atrás dela, a encontrou e a trouxe de volta à Alemanha: "Quando ela foi para a Turquia, pensei na hora que ela quisesse seguir para a Síria e se juntar ao Estado Islâmico", disse à ocasião. "Minha filha não é terrorista."
A motivação do crime ainda não é clara. O policial a abordou pedindo seus documentos. Ela apresentou sua identificação e, da manga da blusa, tirou a faca usada para atacar o agente. Outra faca maior foi encontrada com Safia.
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| Estudante foi detida pela polícia após esfaquear policial em estação de trem na Alemanha |
Ato terrorista ou não, analistas de segurança da Alemanha veem o caso como um novo tipo de ameaça no país, cuja polícia está acostumada a desmontar células organizadas, e não identificar "lobos solitários".
Por outro lado, sites de muçulmanos radicais têm usado a figura da garota para inflamar seu discurso: "Vejam a pequena Safia. Muçulmana detida. Por isso a Ummah [comunidade islâmica no mundo] precisa de todos."