Folha de S. Paulo


Sírios são sentenciados a quatro anos por morte de menino refugiado

Uma corte turca sentenciou nesta sexta-feira (4) dois sírios a quatro anos e dois meses de prisão pela morte de cinco pessoas no naufrágio de um bote no mar Egeu em setembro do ano passado.

Entre os mortos estava o menino sírio Alan Kurdi, 3, cuja foto do corpo sem vida em uma praia de Bodrum, no sudoeste da Turquia, atraiu atenção mundial para a crise dos refugiados.

A corte em Bodrum condenou os dois homens por tráfico de pessoas, mas os absolveu da acusação de causar as mortes por negligência deliberada, informou a agência turca de notícias Dogan.

O irmão de 5 anos de Alan, Galip, e sua mãe, Rihan, também se afogaram quando fracassou sua tentativa de chegar à ilha grega de Kos, em 2 de setembro de 2015.

Os réus, Muwafaka Alabash e Asem Alfrhad, declararam-se inocentes e podem apelar da condenação. Eles acusam o pai de Alan, Abdullah Kurdi, de ser responsável pelas mortes com o argumento de que foi ele quem organizou a travessia.

Após a tragédia com sua família, Abdullah voltou para a Síria.

O veredicto foi anunciado ao fim da terceira audiência do caso, apenas um mês depois da abertura do julgamento.

Como normalmente esses processos duram meses ou até anos na Turquia, a rapidez parece indicar um esforço do país em mostrar que está reprimindo o tráfico humano.

A Turquia está sob pressão para reduzir a onda de migrantes e refugiados à Europa e para combater as redes de tráfico de pessoas desde que alcançou um acordo com a União Europeia (UE) em novembro.

O acordo estipula que Ancara receberá um fundo de € 3 bilhões (R$ 12,1 bilhões) como ajuda para lidar com os refugiados sírios.

Na segunda (7), será realizada uma cúpula entre a Turquia e a UE para discutir a crise de migrantes e refugiados.


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