Folha de S. Paulo


Suspeito de relação com mortes, irmão de ex-presidente da Colômbia é preso

O irmão do ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe foi preso nesta segunda (29) após acusações de que estaria envolvido em homicídios e desaparecimentos nos anos 1990, quando ajudou a formar um esquadrão da morte de extrema-direita.

Santiago Uribe tem negado qualquer relação com assassinatos atribuídos a um ex-capitão da polícia, membro de um grupo conhecido como "Os 12 Apóstolos". Em uma fazenda de gado da família de Uribe no Estado de Antioquia, eles teriam planejado dezenas de assassinatos.

Santiago foi preso em Medellín acusado de homicídio e conspiração. Seu irmão está nos Estados Unidos e não comentou o caso, mas o ex-presidente vem afirmando a inocência de Santiago, além de acusar seu sucessor, Juan Manuel Santos, de usar o caso para deter o crescimento do movimento conservador do partido Centro Democrático, do qual Álvaro faz parte.

Santos defendeu, em sua conta no Twitter, que o advogado-geral Eduardo Montealegre "abra as portas para uma supervisão internacional" sobre a investigação, o que asseguraria tratamento imparcial para Santiago. Diferente do irmão, ele não se envolveu com política e se dedica à criação de gado e brigas de touros.

Em 2010, o major aposentado Juan Carlos Meneses disse em entrevista à Associated Press que, como chefe da polícia na cidade de Yarumal em 1994, recebeu pagamentos mensais d'"Os 12 Apóstolos", grupo que teria matado 50 viciados em drogas e ladrões de gados na área.

Ele disse ainda que Santiago Uribe comandou o esquadrão da morte a partir do rancho de La Carolina usando rádios de ondas curtas. Afirmou ainda que, certa vez, viu 15 paramilitares uniformizados com fuzis AR-15 e rifles AK-47 na fazenda, realizando treinos físicos como um percurso com obstáculos. Na mesma época, Álvaro Uribe se tornou governador do Estado de Antioquia.

Como presidente, entre 2002 e 2010, Álvaro conseguiu cerca de US$ 700 milhões em uma parceria com os EUA para acabar com as Farc, ganhando assim popularidade em seu país ao mesmo tempo em que recebia críticas de grupos dos direitos humanos devido ao comportamento do Exército e suas estratégias.

Meneses, que em 2014 voltou de seu autoexílio na Venezuela e se entregou às autoridades, disse não ter evidências de uma ligação entre o ex-presidente e o esquadrão da morte.


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