Folha de S. Paulo


Quase cem facções rebeldes aceitam cessar-fogo na Síria

Noventa e sete facções rebeldes aceitaram o cessar-fogo proposto por Rússia e Estados Unidos para a guerra civil síria, segundo o Alto Comitê de Negociações (ACN), que reúne diversos grupos de oposição ao governo do ditador Bashar Al-Assad.

A trégua, que teoricamente entrará em vigor no sábado (horário local, 19h de sexta em Brasília) e terá duas semanas de duração, não inclui as facções extremistas Estado Islâmico e Frente Al-Nusra (ramo da Al Qaeda), nem outras organizações terroristas reconhecidas pela ONU.

Omar Sanadiki - 28.jan.2016/Reuters
Aviões da Força Aérea russa sobrevoam cidade de Latakia, na Síria
Aviões da Força Aérea russa sobrevoam cidade de Latakia, na Síria

Segundo o comunicado do ACN, a oposição espera que o regime sírio e seus aliados se comprometam com a trégua e não usem o pretexto da luta contra terroristas para atacar forças rebeldes.

O governo sírio diz que respeitará o cessar-fogo, mas se dá o direito de revidar qualquer ataque. Também a Rússia afirmou que continuará sua ofensiva contra grupos terroristas, conforme autorização do Conselho de Segurança da ONU.

Em áudio divulgado pela Frente Al-Nusra, o líder da facção, Abu Mohammed al-Golani, disse que a milícia não recuará e que as "reais negociações" só ocorrem no campo de batalha. Segundo ele, a trégua é o início de um processo político que manterá Assad no poder, e a vitória dos "alauitas e xiitas" —referência ao ditador e a países aliados como o Irã— significará "uma mudança da batalha para a Península Arábica em menos de uma década".

ATAQUES

Segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), forças aéreas russas bombardearam civis perto de Damasco, no subúrbio rebelde de Douma, na madrugada de quinta (25) para sexta (26). Ao menos oito pessoas morreram. O governo de Moscou rejeitou a acusação.

Também foram registrados ataques nas imediações da cidade de Aleppo, que vem sendo disputada entre forças rebeldes e o governo há semanas.

Na quinta (26), o presidente dos EUA, Barack Obama, disse ter esperança de que o cessar-fogo na Síria possa levar a um acordo político que ponha fim à guerra civil e que permita uma luta focada contra o Estado Islâmico. No entanto, ele também disse não ter expectativa de que a trégua possa imediatamente pôr fim a hostilidades entre forças aliadas a Assad e rebeldes.


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