Folha de S. Paulo


Justiça Eleitoral da Bolívia confirma vitória do 'não' em referendo

O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia confirmou na noite desta terça-feira (24) a vitória do "não" no referendo constitucional realizado no último domingo (21), o que impede o presidente do país, Evo Morales, de se candidatar a um quarto mandato (2020-2025).

Com 99,49% das urnas apuradas, o "Não" se impôs com 51,31% dos votos contra 48,69% do "sim", afirmou a presidente do TSE, Katia Uriona.

Mais de seis dos dez milhões de bolivianos foram às urnas para decidir sobre a reforma constitucional. A vitória do "sim" possibilitaria uma terceira reeleição de Evo, junto com seu vice, Álvaro García Linera.

Esta foi a primeira derrota eleitoral direta do presidente desde sua chegada ao poder, em 2006.

Os resultados oficiais apontam que a rejeição ganhou em seis dos nove departamentos (Estados) do país –Potosí, Tarija, Chuquisaca, Santa Cruz, Beni e Pando. Já La Paz, Oruro e Cochabamba votaram a favor da reforma.

Katia Uriona destacou o esforço feito pelo órgão para garantir a rapidez e a precisão na contagem dos votos.

A apuração começou pelos centros urbanos até, finalmente, chegar às zonas rurais.

José Lirauze - 23.fev.2016/ABI/Xinhua
Bolivia's President Evo Morales delivers a speech during an economic resources delivery ceremony held in La Paz, Bolivia, on Feb. 23, 2016. Evo Morales delivered economic resources to 50 Mayors from four constituencies of La Paz department, according to local press information. (Xinhua/Jose Lirauze/ABI) (jg) (ah)
Evo Morales discursa durante cerimônia de entrega de recursos a municípios, em La Paz

REAÇÕES

Para o líder opositor boliviano Samuel Doria Medina, a derrota de Evo Morales deixa como mensagem para a oposição a urgência de se unir.

"A principal mensagem a extrair é a da unidade, ou seja, que o caminho da unidade é o de que a Bolívia necessita", afirmou, insistindo em que "a principal mensagem que a população nos deu é que, se trabalharmos unidos, teremos resultados".

O resultado exige que "encontremos um mecanismo para manter essa unidade", acrescentou o líder de centro.

Doria Medina perdeu duas vezes para Morales –consecutivamente e por uma ampla diferença– na disputa à Presidência do país.

Em sua conta no Twitter, o ex-presidente liberal Jorge Quiroga comemorou: "Bolívia diz NÃO ao autoritarismo. NÃO à corrupção. NÃO ao Chavismo. NÃO ao narcotráfico. NÃO ao desperdício".

O ex-presidente Carlos Mesa –porta-voz da causa marítima contra o Chile liderada por Morales, mas contrário à extensão de seu governo– tuitou que "o triunfo do NÃO retrata a consciência do país que sabe que o respeito à Constituição limita o poder absoluto dos governantes".

"Presidente, o que o voto dos bolivianos disse é que não há pessoas imprescindíveis, há apenas causas imprescindíveis".

Mais cedo, a Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu às autoridades que aceitem e respeitem os resultados do referendo de domingo.

"A Missão convida os representantes das diferentes opções e os membros das forças políticas a aceitarem os resultados entregues pelo Órgão Eleitoral Plurinacional, única autoridade competente para esta tarefa", declarou a OEA em um comunicado à imprensa.

"Peço, hoje (terça-feira), calma aos partidários das diferentes opções e aos cidadãos enquanto são processados os resultados finais", completou a organização, corroborando a transparência do processo.

Na segunda-feira, o presidente Evo Morales garantiu que respeitará os resultados do referendo.


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