Após outra vitória de Donald Trump nas prévias republicanas, as bases do partido se perguntam cada vez mais se ainda é possível parar o polêmico bilionário no caminho para ser o candidato da oposição à Casa Branca.
Trump venceu com facilidade a prévia de Nevada na terça (23), sua terceira vitória consecutiva. A série de êxitos dá mais fôlego à candidatura do empresário para a decisiva Superterça (1 de março), quando haverá votações simultâneas em 13 Estados.
Dos 2,8 milhões de habitantes de Nevada, 2 milhões vivem em Las Vegas e arredores. Na capital dos cassinos, o bilionário se sentiu em casa, ignorando um protesto de funcionários do Trump Hotel Las Vegas por questões trabalhistas. Trump faturou alto, com 45,9% dos votos, mais que o dobro de seus dois principais rivais, os senadores Marco Rubio (23,9%) e Ted Cruz (21,4%).
Bem atrás, ficaram o neurocirurgião aposentado Ben Carson (4,8%) e o governador de Ohio, John Kasich (3,6%).
"Se você ouvir os especialistas nós não deveríamos ganhar muito, mas agora estamos ganhando, ganhando, ganhando o país", disse Trump no discurso da vitória.
Desacreditado no início da campanha, Trump acumula vitórias em três Estados bem diversos: ele perdeu para Cruz em Iowa, mas depois venceu na moderada New Hampshire (Nordeste), na religiosa Carolina do Sul (Sul) e agora no diverso e mais secular Nevada (Oeste), onde mórmons, ativistas rurais e latinos têm influência.
Segundo pesquisas, 58% dos eleitores em Nevada disseram estar "bravos" com o governo federal, e 60%, que preferem um "outsider", alguém de fora da política.
Trump lidera a maioria das pesquisas nos Estados da Superterça. O sucesso do empresário assusta a base republicana, que o considera um oportunista sem credenciais conservadoras o suficiente que não tem temperamento para representar o partido na briga pela Casa Branca.
Marco Rubio seria a alternativa e ele tem recebido apoios importantes no partido, mas as pesquisas não o colocam na frente nem em seu Estado, a Flórida.
Cada vez mais republicanos discutem abertamente a necessidade de interromper a ascensão de Trump.
Prévias em Nevada - Republicanos
"Será que é tarde demais? Essa é a grande questão. Eles tiveram uma oportunidade bem mais cedo e não conseguiram se unir, porque ninguém podia imaginar Donald Trump ou Ted Cruz como o candidato", disse à rádio NPR o prestigiado analista político Larry Sabato.
Alguns acham que ainda há tempo de contra-atacar, como Katie Packer, diretora-executiva de um Super Pac (comitê de arrecadação de fundos para candidatos) criado para se opor a Trump.
"Em 30 anos na política, nunca vi uma campanha em que o favorito não é alvo de uma campanha agressiva."
Ela afirma que o erro dos outros pré-candidatos foi investir mais em ataques entre si do que contra Trump. Somados, eles gastaram US$ 215 milhões em anúncios e contatos com eleitores. Somente 4% (US$ 9 milhões) foram contra Trump, diz Packer.