Folha de S. Paulo


Rússia enfrenta fortes críticas, mas nega bombardeio a civis na Síria

A França liderou as críticas internacionais à Rússia neste sábado (12) por bombardear civis na Síria, uma acusação que o premiê russo Dmitry Medvedev rejeitou, enquanto grandes potências discutiam abertamente apenas um dia depois de concordarem com uma pausa nos combates na Síria.

As diferenças entre as partes interessadas no acordo sobre a Síria destacaram suas divisões persistentes apesar do acordo de "interrupção das hostilidades" de sexta-feira, que não foi assinado por nenhuma das partes em conflito - as forças do governo e da oposição - e só entra em vigor dentro de uma semana.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, em um debate com Medvedev em uma conferência de segurança em Munique, pressionou a Rússia a parar de bombardear civis na Síria, dizendo que isso era crucial para alcançar a paz no país.

"A França respeita a Rússia e os seus interesses... Mas sabemos que para encontrar o caminho para a paz de novo, o bombardeio russo de civis tem de parar", Valls disse na conferência.

As grandes potências conquistaram o acordo por uma pausa nos combates em conversas tarde da noite de sexta-feira, em Munique, num momento em que o governo do presidente sírio, Bashar Assad, está pronto para marcar a sua maior vitória sobre rebeldes - em Aleppo, a maior cidade da Síria antes da guerra - com o apoio do poder aéreo russo.

Se implementado, o acordo de trégua permitirá que a ajuda humanitária chegue a cidades sitiadas. Mas vários países ocidentais disseram que não há nenhuma esperança para o progresso sem o fim do bombardeio russo, que decisivamente virou o equilíbrio de poder em favor de Assad, após quase cinco anos de conflito.

Medvedev rejeitou as acusações como "simplesmente não verdadeiras".

"Não há nenhuma evidência de bombardeios nossos a civis, embora todo mundo esteja nos acusando disso", disse Medvedev na conferência de Munique após Valls, sentado ao lado dele, falar que o bombardeio russo a civis deve parar.

"A Rússia não está tentando alcançar alguns objetivos secretos na Síria. Estamos simplesmente tentando proteger nossos interesses nacionais", disse Medvedev, acrescentando que Moscou quer impedir que militantes extremistas cheguem à Rússia.


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