Folha de S. Paulo


Otan quer aumentar presença no Leste Europeu para conter Rússia

Os ministros de Defesa da Otan, a aliança militar ocidental, chegaram a consenso nesta quarta (10) para aprovar medidas que aumentem a presença da organização no Leste Europeu, a fim de deter o avanço da Rússia na região, e para discutir medidas de contenção do fluxo de migrantes e refugiados para a Europa, segundo seu secretário-geral, Jens Stoltenberg.

"Hoje e amanhã [quarta e quinta], vamos tomar decisões para fortalecer nossa defesa", Stoltenberg declarou ao chegar na reunião. A presença da Otan na Polônia e em outros país aliados próximos da Rússia "irá enviar um claro sinal", Stoltenberg disse. "A Otan vai responder frente a qualquer agressão contra qualquer aliado."

Dentre as medidas consideradas estão a inclusão de estoques de emergência de equipamentos militares, construção de nova infraestrutura e fortalecimento e aumento da presença de forças multinacionais.

Um oficial da Otan afirmou à Associated Press, sob condição de anonimato porque não estava autorizado a fazer declarações oficiais, que os ministros irão discutir nesta quarta a proposta de criar uma unidade multinacional sob a bandeira da aliança, que poderia ir de um aliado do Leste Europeu a outro provendo maior segurança à região.

O oficial também disse que a unidade pode ter o tamanho de uma brigada, com aproximadamente 3.000 soldados.

EUA

Na reunião, é esperado que o secretário da Defesa dos EUA, Ash Carter, e seus companheiros da organização, discutam o que os outros países podem fazer de efetivo para deter o crescimento da influência russa na região, em face do anúncio de 2 de fevereiro feito pelo governo de Barack Obama, de que haverá quadruplicação dos gastos com tropas nos EUA e do treinamento das mesmas na Europa.

Um oficial da Otan que também pediu anonimato disse que os EUA esperam que a parcela europeia da aliança se comprometa com novos investimentos na segurança —o Pentágono propõe U$ 3,4 bilhões em gastos complementares e tropas, equipamento e treinamento.

Seguindo um pedido da Turquia, os ministros também discutiram o que a Otan pode fazer para diminuir o fluxo de refugiados na Europa vindos pelo mar, Stoltenberg disse.

"Nós todos entendemos a preocupação e vemos a tragédia humana que ocorre", disse o secretário. Ele afirmou que as discussões podem levar a uma decisão quanto a utilização dos recursos aéreos ou marítimos da aliança para combater o tráfico de pessoas —muitos dos refugiados e imigrantes chegam em barcos operados por coiotes (traficantes de pessoas), que cobram pela travessia e não oferecem segurança.

A Alemanha, destino mais popular dentre os refugiados, apoia a movimentação.

"É bom que o governo turco tenha recorrido à Otan para ajudar na promoção da segurança marítima. Nós queremos deter o contrabando de pessoas", declarou a ministra da defesa alemã, Ursula von der Leyen, enquanto chegava à reunião.

O secretário da Defesa britânico, Michael Fallon, disse que será bem-vinda "qualquer medida que possa salvar vidas no Leste do Mediterrâneo" e que ajude a interromper o tráfico de pessoas.


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