Folha de S. Paulo


Assembleia venezuelana aprova projeto para libertar políticos presos

A Assembleia Nacional da Venezuela, agora sob controle da oposição, aprovou nesta quinta-feira (4) tramitar em regime de urgência um projeto de lei de anistia que pretende libertar dezenas de políticos e militantes detidos pelo governo sob acusações como conspiração e propagação da violência.

A anistia para aqueles que simpatizantes consideram "presos políticos" foi uma das principais bandeiras da aliança opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática) na campanha que a levou à vitória arrasadora na eleição parlamentar de dezembro.

Os detidos mais emblemáticos a ser contemplados pela eventual adoção da lei são Leopoldo López, líder do partido radical Vontade Popular, Antonio Ledezma, prefeito metropolitano de Caracas, e Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal.

López cumpre pena em um presídio militar nos arredores de Caracas, enquanto Ledezma e Ceballos estão em regime de prisão domiciliar.

Xinhua
 Soldiers take part during the commemoration of the 24th Anniversary of the Civil Military Rebellion in Feb. 4, 1992 led by the late commander Hugo Chavez, in the framework of the Day of National Dignity, at Miraflores Palace in Caracas, capital of Venezuela, on Feb. 4, 2016
Militares participam de comemoração do 24º aniversário da tentativa de golpe de 1992

Após o regime de urgência parlamentar ter sido aprovado pelo plenário, o projeto de lei foi entregue formalmente à Comissão de Política Interior, que o analisará e ouvirá todas as partes, inclusive chavistas que se opõem à iniciativa por considerá-lo um indulto para extremistas violentos.

Não está claro quando o projeto de lei será submetido à votação no plenário, onde deverá ser avaliado em duas leituras antes de ser provavelmente aprovado.

O presidente Nicolás Maduro, porém, prometeu vetá-lo. A resistência do Executivo deverá contar com o respaldo do Judiciário, amplamente visto como um instrumento a serviço do chavista.

A lei, porém, prevê mecanismo que contorna o veto presidencial.

A MUD lembrou que uma lei de anistia já beneficiou o próprio Hugo Chávez, que, seis anos antes de ser eleito à Presidência, havia sido preso por uma tentativa de golpe de Estado contra o então presidente Carlos Andrés Pérez.

O aniversário do golpe fracassado de 4 de fevereiro de 1992 foi comemorado nesta quinta pelos chavistas, que o descrevem como uma rebelião contra a injustiça social.


Endereço da página:

Links no texto: