Folha de S. Paulo


Na Argentina, Mauricio Macri se fortalece com racha de kirchneristas

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, obteve mais uma vitória política. Após ganhar as eleições em um segundo turno apertado, ele se fortalece agora graças a divergências na oposição.

A coalizão Frente para Vitória, formada principalmente por peronistas e que apoia a ex-presidente Cristina Kirchner, sofreu baixas nesta semana. Um grupo de 14 deputados abandonou a bancada e formou uma nova, a Justicialista.

Com isso, a oposição perde cadeiras na Câmara, e uma ala considerada aberta ao diálogo se expande.

Macri continua sem a maioria, mas passa a ter quórum próprio, podendo conseguir de modo mais fácil os 129 deputados (metade mais um) necessários para uma sessão.

Presidência da Argentina/Reuters
Argentine President Mauricio Macri (R) welcomes his Bulgarian counterpart Rosen Plevneliev at the goverment house in Buenos Aires, February 4, 2016. REUTERS/Argentine Presidency/Handout via Reuters ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, CONTENT, LOCATION OR DATE OF THIS IMAGE. THIS PICTURE IS DISTRIBUTED EXACTLY AS RECEIVED BY REUTERS, AS A SERVICE TO CLIENTS. FOR EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING CAMPAIGNS. EDITORIAL USE ONLY. NO RESALE. NO ARCHIVE. ORG XMIT: BAS01
Mauricio Macri (dir.) recebe o presidente da Bulgária, Rosen Plevneliev, na Casa Rosada

A Casa passa a ser formada por 90 políticos da situação, 89 da oposição, 64 "dialoguistas" e 14 que não se enquadram em nenhum dos grupos.

Os deputados que debandaram afirmaram em um documento que farão uma "oposição responsável" ao governo de Macri e reconhecerão erros da gestão kirchnerista.

Os que permaneceram no bloco colocaram a culpa em Macri. "Sem dúvida, essa ruptura foi promovida pela Casa Rosada. O macrismo fez todos os esforços para provocar a quebra com o objetivo de ter quórum próprio. Os deputados que saíram atenderam a essa manobra", afirmou a deputada Teresa García ao "La Nación".

A tendência, segundo analistas, é que novas dissidências ocorram nos próximos dias.

"A ruptura é um indicador da derrota eleitoral e da falta de um líder e de uma condução política clara na oposição", diz Germán Lodola, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Torcuato di Tella.

Cristina, que sempre foi o principal nome da coalizão, está no sul do país desde que deixou a Presidência, tendo mandado a apoiadores apenas algumas mensagens em vídeos de militantes.

O Frente para a Vitória, no entanto, não é um bloco homogêneo de kirchneristas. "Seria como o PMDB, composto por várias facções", explica Lodola.

Para o professor, a nova bancada Justicialista também não é coesa, pois os deputados que a formam estão reunidos mais por interesses do que por alguma ideologia. Inicialmente, devem votar a favor de projetos de Macri.

O caso dos Justicialistas é mais um na história da Argentina em que políticos se rebelam contra seu bloco.

Em 2006, um grupo abandonou a União Cívica Radical (o mais antigo partido do país, de centro-esquerda) para acompanhar os passos de Néstor Kirchner.

Os dissidentes passaram a fazer parte dos chamados "Radicais K".


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