Folha de S. Paulo


Países anunciam US$ 11 bilhões de ajuda a sírios; Brasil doará US$ 1,3 mi

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta quinta-feira (4) que 70 países reunidos em Londres para a conferência de doadores para a Síria e os países da região se comprometeram a repassar US$ 11 bilhões para ajuda humanitária a cidadãos sírios até 2020.

Há previsão de que, deste valor, US$ 6 bilhões sejam doados neste ano. A soma, contudo, ficou aquém dos US$ 9 bilhões pedidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pelos países vizinhos da Síria, que acolhem quase 4,5 milhões de refugiados do país, para lidar com a emergência humanitária em 2016.

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, anunciou que o país doará US$ 1,3 milhão, por meio do Acnur (Alto Comissariado para os Refugiados da ONU), para "aliviar o sofrimento dos refugiados sírios nos países vizinhos e em outros lugares".

"Os números do conflito na Síria já são bem conhecidos por todos nós —um número de mortos muito grande para ser negligenciado e um drama humanitário que transformou muitos cidadãos sírios em vítimas— para que a comunidade internacional ignore", disse Vieira, que classificou a guerra na Síria e suas consequências como uma "tragédia humanitária de proporções épicas".

O Reino Unido —organizador da conferência juntamente com a ONU, a Alemanha, a Noruega e o Kuait— se comprometeu a doar 1,2 bilhão de libras (cerca de US$ 1,75 bilhão) até 2020, o que elevaria a contribuição do país a 2,3 bilhões de libras (cerca de US$ 3,36 bilhões) desde 2011.

A Alemanha, que atrai a maior parcela de refugiados na Europa —foram mais de 1 milhão de pedidos de asilo em 2015, dos quais 430 mil sírios—, prometeu € 2,3 bilhões (cerca de US$ 2,5 bilhões) até 2018 aos países da região. Destes, € 1,2 bilhão (cerca de US$ 1,3 bilhão) seriam doados neste ano.

Os EUA se comprometeram com US$ 890 millhões. "O valor envolve cerca de US$ 600 milhões em assistência humanitária e US$ 290 milhões em ajuda para o desenvolvimento de países vizinhos", disse o secretário de Estado americano, John Kerry.

O ministro brasileiro também anunciou o envio de 4.500 toneladas de arroz à Síria, no valor estimado de US$ 1,85 milhão. Essa doação em alimentos, contudo, era o que o país já havia anunciado no último ano. Segundo o Itamaraty, ela não pôde ser entregue porque ainda não havia sido encontrado um parceiro para o transporte —operação que é mediada pelo Programa Mundial de Alimentos, da ONU.

Em 2015, o Brasil também havia anunciado a doação de 4.800 toneladas de feijão, no valor estimado de US$ 3,1 milhões –que também não foi entregue, segundo o Itamaraty, pela mesma razão.

Nas conferências anteriores, o governo se comprometeu com doações de US$ 250 mil, em 2013, e US$ 300 mil em 2014, por meio do Acnur e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O governo afirma ter pago os valores anunciados.

PREFERÊNCIAS COMERCIAIS

Além das doações, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a União Europeia fará o que puder para facilitar a exportação dos países mais afetados pela crise de refugiados sírios.

"A UE fará o que for possível para melhorar as condições de exportação desses países, o que inclui avaliar preferências comerciais", disse Merkel, em coletiva de imprensa.

Ela falou após os governos da Turquia, da Jordânia e do Líbano —que recebem a maior parte dos quase 4,5 milhões de refugiados sírios na região— concordarem em tomar medidas para oferecer aos refugiados que chegarem acesso a educação e ao mercado de trabalho.

AJUDA À SÍRIA - Quanto cada país promete destinar aos afetados pela guerra civil


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