Folha de S. Paulo


Haiti pede à OEA missão para mediar impasse eleitoral com oposição

O presidente do Haiti, Michel Martelly, pediu nesta quarta-feira (27) à OEA (Organização dos Estados Americanos) o envio de uma missão de mediação para dar fim ao impasse entre governo e oposição devido às eleições.

O país deveria ter passado no domingo (24) pelo segundo turno do pleito presidencial. Porém, a votação foi suspensa devido à onda de violência nas manifestações de governistas e da oposição, que acusa o governo de fraude.

Orlando Barría/Efe
Manifestantes pedem a renúncia do presidente Michel Martelly em protesto em Porto Príncipe, no Haiti
Manifestantes pedem a renúncia do presidente Michel Martelly em protesto em Porto Príncipe, no Haiti

Depois do pedido, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, convocou reunião extraordinária do Conselho Permanente. Nela, o embaixador haitiano, Bocchit Edmond, disse que a missão servirá para evitar uma situação de caos.

"Isso não é um chamado à ingerência ou à interferência, mas um chamado à solidariedade. Pedimos assistência para preservar a institucionalidade democrática", afirmou o representante do país caribenho.

Segundo Almagro, o pedido foi acatado pelo risco de instabilidade política no Haiti. Sem condições políticas para uma nova eleição, o país tende a entrar em um limbo depois de 7 de fevereiro, quando Martelly deixa a Presidência.

Para o secretário-geral da OEA, a solução é um governo de transição que assegure as condições para celebrar eleições confiáveis. Ele colocará em votação a possibilidade de consultar a Suprema Corte sobre a administração provisória.

"Devemos garantir que este período de transição seja breve e é fundamental que exista uma nova disputa eleitoral e que haja disputa, que não seja um plebiscito ou um referendo com apenas um candidato", disse Almagro.

A missão eleitoral da OEA no Haiti, chefiada pelo ex-ministro Celso Amorim, confirmou irregularidades na eleição, como compra de votos e falta de controle dos eleitores, mas que o resultado do primeiro turno não seria diferente.

IMPASSE

No Haiti, continua o impasse entre a oposição e o governo. Apesar da crise política, o presidente convocou o Conselho Eleitoral Provisório (CEP) a renovar seus integrantes depois que cinco membros renunciaram e um foi afastado.

Para a oposição, a medida de Martelly piorou o conflito. "A hora de decisões unilaterais já passou, e Martelly tem que entender", disse Gerald Germain, assessor político do candidato opositor Jude Célestin.

A oposição pede que a Suprema Corte assuma um governo interino antes que ocorra uma nova eleição. Enquanto isso, o candidato governista Jovenel Moise quer continuar a eleição como está e pediu que Célestin se sente para negociar.

"Estamos em uma crise que poderíamos ter evitado, a crise vai criar um vazio de poder nos próximos dias que não é bom para o país", disse ao opositor, que boicotou o segundo turno devido às acusações de fraude.

Para a enviada da ONU ao Haiti, Sandra Honoré, a situação deve ser resolvida o mais rápido possível para evitar uma nova onda de violência, como a que colocou o Haiti em instabilidade em 2004, após a queda de Jean-Bertrand Aristide.


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