Folha de S. Paulo


Violência faz Haiti adiar eleição presidencial de domingo

O Conselho Eleitoral do Haiti anunciou nesta sexta (22) o adiamento do segundo turno da eleição presidencial, que estava marcado para este domingo (24), após a eclosão de violentos protestos e a ameaça do candidato da oposição de boicotar o pleito.

O presidente do conselho, Pierre-Louis Opont, disse que o pleito será adiado por razões de segurança, mas não definiu nova data para que ele ocorra.

O anúncio do adiamento foi recebido com festa pelos manifestantes nas ruas da capital, Porto Príncipe. Logo depois, porém, houve novos choques entre a polícia e participantes dos protestos, que incendiaram pelo menos um carro e queimaram pneus.

A polícia, por sua vez, atirou em um grupo de pessoas que agrediam um homem acusado de disparar contra elas. O número de feridos nos confrontos desta sexta-feira na capital não foi divulgado.

Hector Retamal/AFP
Manifestantes de oposição ao governo haitiano queimam pneus em protesto na capital, Porto Príncipe
Manifestantes de oposição ao governo haitiano queimam pneus em protesto na capital, Porto Príncipe

O candidato de oposição à Presidência haitiana, Jude Célestin, alega ter havido fraude no primeiro turno, realizado em outubro, em favor do candidato do governo, o empresário e exportador de bananas Jovenel Moise.

Na primeira etapa da eleição haitiana, em que 54 candidatos disputaram a Presidência, Célestin, engenheiro formado na Suíça, perdeu para Moise, que nunca havia disputado um pleito, por oito pontos percentuais de diferença. Os dois se qualificaram para disputar o segundo turno.

Em 2011, o próprio Célestin foi acusado de fraude e desclassificado no pleito que elegeu o atual presidente haitiano, Michel Martelly.

Desde a derrubada da ditadura da família Duvalier (1957-1986), o Haiti –um dos países mais pobres do mundo, com 10 milhões de habitantes– tem lutado para estabelecer uma democracia estável, em meio a golpes militares e fraudes eleitorais.

A situação do país foi agravada pelo terremoto de 2010, que deixou mais de 200 mil mortos. Desde 2004, após a revolta que derrubou o então presidente Jean-Bertrand Aristide, o Brasil chefia a missão de paz da ONU no Haiti (Minustah), mas a previsão é que o país retire suas tropas ainda neste ano.


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