O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse, em pronunciamento em Viena, na Áustria, que este sábado (16) é o "primeiro dia de um mundo mais seguro".
Falando à imprensa logo após o anúncio da revogação das sanções dos EUA e da União Europeia contra o Irã, Kerry afirmou que o acordo estabelecido neste sábado alterou fundamentalmente o programa nuclear iraniano e reduziu a ameaça de uma arma nuclear no país.
Para o secretário de Estado, essa nova etapa representa um horizonte de oportunidade para o povo iraniano e lembra "o poder da diplomacia para enfrentar desafios significativos".
"Hoje registra-se o momento em que o acordo nuclear iraniano passa de um ambicioso conjunto de promessas no papel para a ação direta e mensurável", afirmou. "Hoje, os Estados Unidos, nossos amigos e aliados no Oriente Médio e o mundo inteiro estão mais seguros, porque a ameaça de uma arma nuclear foi reduzida".
Segundo Kerry, o Irã "deu passos significativos, que muitas –eu enfatizo, muitas– pessoas duvidaram que seriam verdade". "Isso deve ser reconhecido, ainda que a medida completa dessa conquista só possa ser concretizada assegurando-se a contínua e integral conformidade [com o acordo] nos próximos anos", finalizou.
O americano aproveitou seu discurso para informar que os americanos liberados horas antes do anúncio da revogação das sanções já haviam sido soltos e deviam estar "a caminho de casa".
Já na madrugada de Viena membros do governo americano disseram que os quatro prisioneiros não estavam mais sob custódia iraniana e aguardavam trâmites logísticos para serem reunidos em Teerã e colocados em um avião para os EUA.
Um quinto americano liberado, o estudante Matthew Trevithick, já estaria a caminho do país natal.
Mais detalhes sobre os iranianos detidos nos EUA e envolvidos na troca de prisioneiros, segundo fontes do governo, só seriam informados após os americanos deixarem o Oriente Médio.
NO IRÃ
Mais cedo, o presidente iraniano, Hassan Rowhani, usou sua conta no Twitter para celebrar o acordo, que chamou de "benção".
"Eu agradeço a Deus por essa benção e me curvo à grandeza da paciente nação do Irã. Parabéns por essa gloriosa vitória", escreveu na rede social.
O chanceler do Irã, Javar Zarif, que fez o anúncio da revogação das sanções ao lado da chefe de Política Externa da UE, Federica Mogherini, também usou o Twitter para comentar desdobramentos do acordo.
"É o tempo para todos –especialmente as nações muçulmanas– darem as mãos e livrar o mundo do extremismo violento. O Irã está pronto", escreveu.
Como John Kerry, ele também valorizou a importância da diplomacia. "Diplomacia requer paciência, mas todos sabemos que ela certamente supera as alternativas."
REPERCUSSÃO
Horas após o anúncio, representantes de outros países comentaram o acordo.
O chanceler britânico, Philip Hammond, destacou o papel inglês nas negociações. "O acordo nuclear com o Irã, em que o Reino Unido teve papel central, torna o Oriente Médio e o mundo ao redor um lugar mais seguro", disse, em comunicado. "O futuro é tão importante quanto a referência que estabelecemos hoje."
O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, disse que o país permanecerá "vigilante" para que o acordo seja estritamente respeitado e implementado.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, emitiu um comunicado dizendo que o Irã não desistiu de suas ambições nucleares e que o país permanece sendo uma força desestabilizante no Oriente Médio, bem como apoiadora do terrorismo.
O texto afirma que as potências mundiais devem monitorar o Irã de perto e responder de forma dura qualquer violação de suas obrigações.