Folha de S. Paulo


Alemanha registra ataques contra imigrantes após onda de agressões

Os ataques a imigrantes da noite deste domingo (10) voltaram a alimentar a tensão entre alemães e estrangeiros na cidade de Colônia, no oeste do país, depois da série de ataques a mulheres na noite de Ano-Novo.

A agressão deste fim de semana é a primeira reação violenta à onda de furtos e agressões na virada do ano. Segundo a polícia de Colônia, foram registradas 516 denúncias durante o réveillon, sendo 237 de crimes sexuais.

Oliver Berg - 9.jan.2016/Efe
KOE120. Cologne (Germany), 09/01/2016.- A demonstrator holds a sign in German that reads 'No violence against women' during a demonstration in the wake of the sexual assaults on New Year's Eve, outside the cathedeal in Cologne, Germany, 09 January 2016. After the sexual assaults around Cologne's main station on New Year's Eve, various groups have planned for demonstrations on 09 January. (Colonia, Protestas, Alemania) EFE/EPA/OLIVER BERG ORG XMIT: koe120
Manifestantes protestam em Colônia contra casos de agressão contra mulheres no Ano-Novo

Os agentes afirmam que um grupo de 20 pessoas atacou seis paquistaneses, dois dos quais passaram pelo hospital com ferimentos leves. Pouco depois, um sírio foi atacado por cinco pessoas e ficou ferido.

Investigadores dizem que os autores se organizaram nas redes sociais para fazer justiça com as próprias mãos contra os ataques às mulheres. A maior parte deles era membro de torcidas organizadas ou de grupos nacionalistas.

As autoridades investigam se os ataques foram motivados por ódio racial. O ministro da Justiça, Heiko Maas, condenou que grupos de neonazistas e de extrema-direita queiram se aproveitar dos crimes para atacar imigrantes.

"A onda de insultos contra refugiados destes dias na internet me faz pensar que alguém esperava acontecer algo como o da noite de Ano-Novo para abertamente disseminar seu ódio racial", disse Maas.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, disse que ainda é preciso esclarecer o ataque. "Temos que sugerir medidas para proteger a população alemã, mas para proteger a grande maioria de refugiados", reiterou.

Junto com o aumento das denúncias em Colônia, outros casos têm sido revelados em outras cidades alemãs e do resto da Europa. Até o momento foram presos 32 suspeitos de cometerem os crimes, sendo 19 solicitantes de asilo.

A onda de violência levou à destituição do chefe da polícia local de Colônia, Wolfgang Albers. O ministro do Interior do Estado de Renânia do Norte-Westfália, Ralf Jäger, disse que os crimes no réveillon foram intoleráveis.

"A imagem que a polícia de Colônia ofereceu é inaceitável. Não só não pediram reforços, como disseram em uma nota que a situação tinha sido tranquila no Ano-Novo e a atuação policial tinha sido boa", criticou.

RECORDE

Maior economia da Europa, a Alemanha recebeu 1,1 milhão de solicitações de asilo e refúgio no ano passado. Chegar ao país é o maior objetivo dos refugiados e imigrantes que atravessam o mar Mediterrâneo rumo à Europa.

A maior parte dos estrangeiros vem de países da África e do Oriente Médio. Diante do fluxo recorde de refugiados na Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, foi a principal defensora do acolhimento dos estrangeiros.

A decisão foi comemorada por seus colegas e pela imprensa internacional no ano passado. Porém, nos primeiros dias do ano ela começou a defender maiores restrições aos refugiados como resposta aos crimes do Ano-Novo.

O anúncio da medida foi uma tentativa de conter grupos nacionalistas. Nesta segunda, o Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente (Pegida, sigla em alemão) realizou uma ato em Leipzig, no leste alemão, contra os crimes.

Dentre os gritos de guerra, estava "Não aos refugiados estupradores" e "Liberdade para a Alemanha". Outro grupo de manifestantes tentaram responder ao Pegida, com cartazes "Bem-vindos a Leipzig".


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