Folha de S. Paulo


Para ministro alemão, agressões sexuais no Ano-Novo foram planejadas

O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, afirmou acreditar que as agressões sexuais ocorridas na noite de Réveillon em Colônia foram "coordenadas ou preparadas" e acusou grupos xenófobos e de extrema direita de tentarem tirar vantagem dos acontecimentos para propagar o ódio.

Neste domingo (10), a polícia local divulgou que 516 registros foram feitos, ante os 379 que haviam sido anunciados no sábado. Cerca de 40% das queixas envolvem delitos sexuais.

Oliver Berg - 9.jan.2016/Efe
Grupo protesta em frente à catedral de Colônia, na Alemanha, após agressões sexuais no Ano-Novo
Grupo protesta em frente à catedral de Colônia, na Alemanha, após agressões sexuais no Ano-Novo

Em entrevista ao jornal alemão "Bild am Sonntag" publicada neste domingo, Mass deixou claras suas suspeitas de que os crimes que chocaram o país não surgiram espontaneamente. "Que ninguém venha me dizer que isso não foi coordenado ou preparado", disse o ministro. "Minha suspeita é que essa data foi escolhida propositalmente, e que um determinado número de pessoas já era aguardado. Isso daria, mais uma vez, uma nova dimensão [aos crimes]".

O jornal forneceu detalhes de um relatório oficial do Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), que menciona o uso de redes sociais por alguns imigrantes do norte da África para encorajar seus conterrâneos a comparecer ao largo em frente à estação central, do lado da Catedral de Colônia.

Mass, porém, advertiu contra a generalização em relação a imigrantes. "Presumir a partir da origem de uma pessoa se ela é mais ou menos propícia a cometer crimes é algo irresponsável", disse o ministro, acrescentando que "não faz nenhum sentido" tomar esses crimes como prova de que os estrangeiros não estão aptos a se adaptarem à sociedade alemã.

Na reportagem do "Bild am Sonntag", Mass acusa o partido eurocético e de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e o movimento anti-imigração Pegida de usarem os eventos de Colônia para propagar a xenofobia. Para ele, AfD e Pegida estavam apenas esperando para que algo assim acontecesse. "Se não, como explicar essa vergonhosa agitação generalizada contra estrangeiros que eles estão fazendo."

Maas ressaltou que não há justificativa para o que aconteceu em Colônia. "O background cultural não justifica nem desculpa nada. Não é aceitável nem mesmo como explicação. Aqui, entre nós, homens e mulheres têm direitos iguais em todos os aspectos. Todos os que vivem aqui devem respeitar isso."

Nos próximos dias, o Partido Social-Democrata (SPD), de Maas, deverá se unir ao parceiro da coalizão governista, a União Democrata Cristã (CDU), para apresentar novas leis ao Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) que visam acelerar a deportação de requerentes de asilo que cometerem crimes no país.


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