Ex-funcionários do governo de Cristina Kirchner sofreram um revés na Justiça nesta terça (29).
Os ex-secretários de Transporte Ricardo Jaime e Juan Pablo Schiavi foram condenados a seis e oito anos de prisão por responsabilidade em um acidente ferroviário em 2012.
O tribunal também pediu que seja investigada suposto envolvimento do ex-ministro do Planejamento Júlio de Vido, um dos funcionários mais leais ao casal Kirchner.
| Reuters-04.ago.2008 |
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| O então secretário de Transporte argentino Juan Pablo Schiavi participa de inauguração de trem ao lado da então presidente Cristina Kirchner |
Os funcionários foram dois dos 21 condenados no julgamento oral que teve veredicto na terça.
O acidente, que ficou conhecido na Argentina como a "Tragédia do Onze", em referência à estação onde ele aconteceu, matou 51 pessoas. Outras 789 ficaram feridas.
Em pleno horário de pico, um trem que saía de Moreno, na Grande Buenos Aires, em direção à capital perdeu o freio e bateu na plataforma.
A investigação concluiu que o acidente foi ocasionado, entre outros motivos, por falta de manutenção dos trens, a cargo da então empresa privada TBA.
Há três meses, Jaime admitiu ter recebido propina da empresa enquanto esteve no cargo, entre 2003 e 2009. A Secretaria de Transportes tinha como atribuição fiscalizar os serviços prestados pela TBA e o estado de conservação dos trens.
De Vido foi envolvido porque entre 2003 e 2012 a administração do transporte ferroviário, inclusive a Secretaria de Transportes, ficava sob sua administração, no Planejamento. A Promotoria adiantou que a investigação sobre o acidente vai continuar –a Justiça quer saber se alguma das testemunhas citou De Vido durante o processo.
Os 21 condenados não serão presos até que a Câmara de Cassação Penal confirme a sentença, o que deve acontecer no início do ano que vem. Não há mais chance de recorrer.
Familiares das vítimas fizeram uma manifestação em frente aos tribunais de Comodoro Py, em Buenos Aires, com cartazes e fotos dos parentes mortos.
"A Justiça deu hoje uma lição à corrupção", comemorou Paolo Meneghini.
Seu filho Lucas foi uma das vítimas fatais. Com a batida, seu corpo foi lançado do trem e só foi encontrado dias depois do acidente.