Folha de S. Paulo


Rússia pede prisão de milionário que já foi o homem mais rico do país

Peter Nicholls - 26.nov.2015/Reuters
Former Russian tycoon Mikhail Khodorkovsky speaks during a Reuters Newsmaker event at Canary Wharf in London, Britain, November 26, 2015. REUTERS/Peter Nicholls ORG XMIT: PBN101
Mikhail Khodorkovsky fala durante evento realizado em Londres em novembro

A Rússia emitiu um mandado de captura internacional de Mikhail Khodorkovsky, 52, um ex-magnata do petróleo que já foi o homem mais rico do país e é crítico do governo de Vladimir Putim.

A polícia acusa Khodorkovsky de ter ordenado o assassinato do prefeito de uma cidade petrolífera siberiana, disse um porta-voz da polícia nesta quarta-feira.

Khodorkovsky, que nega as acusações, foi preso em 2003 depois de se desentender com Putin, e posteriormente condenado por fraude e evasão fiscal em um julgamento que ele diz ter sido por motivos políticos. Solto em 2013, o empresário se mudou para a Suíça após cumprir a pena.

Em 2004, sua fortuna era avaliada em US$ 15 bilhões. Dez anos depois, ele disse possuir o equivalente a US$ 100 milhões (cerca de R$ 400 milhões).

Khodorkovski enriqueceu ao explorar campos de petróleo no norte da Rússia nos anos 1990, após o fim da União Soviética.

O porta-voz do Comitê de Investigação da Rússia, Vladimir Markin, disse em um comunicado que a polícia concluiu que Khodorkovsky ordenou a subordinados que matassem Vladimir Petukhov, o prefeito de Nefteyugansk, assassinado em 1998.

Markin disse que o motivo era financeiro e ligado às demandas de Petukhov para que a empresa dele, a Yukos, pagasse impostos que estava sonegando, segundo a prefeitura.

A Rússia anunciou o mandado de captura um dia depois de policiais armados invadiram os escritórios de Moscou de um movimento pró-democracia fundado por Khodorkovsky.

O CIR, órgão judicial similar à procuradoria, também acusa Khodorkosvky de dois atentados contra a vida do empresário Yevgueni Ribin —um em novembro de 1998 e outro em maio de 1999—, que custaram a vida de um de seus guarda-costas.

Pouco após ser acusado dos assassinatos, Khodorkovski afirmou em entrevista coletiva feita em Londres que uma nova revolução na Rússia é "inevitável e necessária" perante a ausência de mecanismos legais de alternância no poder.

"A revolução deve ser pacífica. Esse é o nosso objetivo. Putin e seu círculo mais íntimo devem comparecer e prestar contas por tudo o que fizeram perante um tribunal independente", disse.

Petukhov, prefeito da cidade siberiana onde ficava a sede da Yukos, foi assassinado em 26 de junho de 1998, no mesmo dia em que Khodorkovsky comemorava o aniversário de 35 anos.

A empresa, que era propriedade de Khodorkovsky, foi desapropriada após ser acusada de evasão fiscal em processo que, na opinião da companhia, só pretendia conseguir o confisco de seus ativos.


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