Folha de S. Paulo


Hillary recorre a ioga e pimenta crua contra ganho de peso em campanha

Jim Cole - 20 abr. 2015/Associated Press
Hillary Clinton cumprimenta funcionários de um café durante parada de campanha em New Hampshire
Hillary Clinton cumprimenta funcionários de um café durante parada de campanha em New Hampshire

Quando assessores de Hillary Clinton serviram de almoço um prato com carne de porco desfiada e feijão para a candidata, feitos por um restaurante no Arkansas, ela decidiu comer uma fatia de tomate e nada mais.

A pré-candidata, a favorita entre os democratas, também pede que seus assessores localizem trilhas isoladas onde ela possa fazer caminhadas e suítes de hotel com espaço para praticar ioga.

Além disso, ela aposta no poder da pimenta vermelha para auxiliar no emagrecimento, tanto que sempre leva pimenta vermelha em flocos nas viagens da campanha.

Desde abril, quando lançou sua campanha para as eleições presidenciais de 2016, Clinton iniciou um regime alimentar e de treinamento físico. Ela espera evitar o ganho de peso que acomete quase todos os candidatos à Casa Branca, graças às noites quase sem dormir e à tentação de fazer lanches constantes durante a campanha.

Sua perda de peso e também suas mudanças de estilo e visual ensejam constantemente comentários entre seus partidários.

"Ela deve estar fazendo alguma coisa certa, política e gastronomicamente, que eu não soube fazer", comentou o ex-governador do Vermont Howard Dean, partidário de Clinton.

Ele contou que, durante seus oito meses de campanha para a Presidência, em 2004, ganhou 16 quilos, chegando a pesar 88 quilos. "Não sei como alguém consegue se manter enxuto durante uma campanha."

Cada candidato tem seus truques para se manter em forma. O presidente Barack Obama reclamava com frequência da comida frita —uma constante nas escalas de campanhas— e é frequentador regular de academias, mesmo quando viaja.

O senador Rand Paul, um dos pré-candidatos republicanos atuais, evita frituras. Seu rival Jeb Bush segue a dieta paleolítica e diz já ter perdido 18 quilos depois de tirar os carboidratos e laticínios de sua dieta.

Mas nenhum político sofre tamanho escrutínio quanto a seu visual quanto Hillary Clinton. A aparência dela é tema de comentários há décadas.

"É um desafio diário", disse a ex-primeira-dama, neste ano, a uma participante de um bate-papo no Facebook que lhe perguntou como ela se prepara para encarar as câmeras todas as manhãs. "Faço o melhor que posso. E, como vocês devem ter notado, alguns dias são melhores que outros."

DIETA APIMENTADA

Diferentemente de seu marido, que se descreve como "mais ou menos vegano", e de sua filha, que faz uma alimentação sem glúten, Hillary Clinton, segundo assessores, não segue um plano alimentar específico. Em vez disso, guia-se pela regra segundo a qual "se dá a impressão de que me fará mal, provavelmente fará".

Seu único segredo de dieta são as pimentas vermelhas cruas. Numa parada em um estande agrícola no Iowa neste ano, Clinton detalhou pesquisas científicas sobre os efeitos benéficos para a saúde dos alimentos apimentados, dizendo a uma balconista que acha "refrescante" comer pimentas-jalapeño cruas.

"Em 2008, não se passava um dia sem termos um prato cheio de pimentas-jalapeño cruas", contou Jamie Smith, assessora de campanha de Hillary em 2008 que certa vez foi incentivada pela candidata a consumir as pimentas cruas. "Ela devorava essas pimentas como se fossem batatinha chips."

Hillary Clinton soltou as rédeas ocasionalmente quando fazia campanha por outros democratas nas eleições de 2014, comendo frango frito e comida mexicana, mas, desde então, adotou mais disciplina.

Em Washington, neste mês, quando jantava com partidários no restaurante italiano Etto, conhecido por suas pizzas feitas no forno a lenha, Clinton optou por uma salada de couve-flor.

HISTÓRICO ALIMENTAR

A candidata fala francamente sobre as dificuldades que enfrentou para se alimentar bem ao longo de sua vida pública. Ao longo dos anos, ela consultou uma série de gurus da nutrição.

Na década de 1990, quando era primeira-dama e as dietas com baixo teor de gordura estavam em voga, ela chamou o médico Dean Ornish à Casa Branca para tornar o cardápio presidencial mais light.

Ela acabou por demitir o chef Pierre Chambrin, conhecido por sua culinária francesa regada a manteiga, e contratou Walter Scheib, que se especializava em comida com pouca gordura e concordava em fornecer a contagem calórica de cada refeição. Qualquer dieta que Hillary Clinton experimentasse, Scheib também fazia.

Muitas das refeições dos Clinton preparados por Scheib eram à base de peixes e verduras. Clinton gostava de hummus, tinha uma coleção de mais de cem molhos apimentados e tinha um fraco por bolo mocha e sorvete Dove em barrinhas, um dos favoritos de sua filha, Chelsea.

Tradução de CLARA ALLAIN


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