Folha de S. Paulo


Aliados de Cristina protestam contra revisão da Lei de Mídia na Argentina

Simpatizantes de Cristina Kirchner e militantes de movimentos sociais que apoiavam o governo kirchnerista fizeram a primeira manifestação contrária a Mauricio Macri, nesta quinta (17), uma semana após a posse do novo presidente.

Com as convocações "Abaixo ao golpismo macrista" e "Na lei de meios não se toca", a mobilização tinha como objetivo protestar contra mudanças na lei que regula os meios de comunicação e contra as nomeações feitas por Macri, por decreto, de dois juízes para a Suprema Corte.

Martín Zabala/Xinhua
(151217) -- BUENOS AIRES, diciembre 17, 2015 (Xinhua) -- Personas participan durante una manifestación en apoyo a la Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual frente al Congreso Nacional, en la ciudad de Buenos Aires, Argentina, el 17 de diciembre de 2015. De acuerdo con información de la prensa local, los residentes se manifestaron el jueves para mostrar su apoyo a la Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual impulsada por la ex presidenta argentina Cristina Fernández y en rechazo a los decretos presidenciales sobre las designaciones de dos nuevos jueces para la Corte Suprema. (Xinhua/Martín Zabala) (mz) (vf) (sp)
Argentinos participam de manifestação contra Mauricio Macri em Buenos Aires

O novo ministro das Comunicações, Oscar Aguad, disse, em entrevista no último fim de semana, que a legislação seria revista, pois havia sido criada para, segundo ele, intimidar veículos de comunicação críticos a Cristina Kirchner.

A mensagem foi rechaçada por políticos e militantes kirchneristas, que prometem resistir contra alterações na lei. Os manifestantes seguravam cartazes onde se podia ler "Na lei de meios não se toca", "Macri = censura" e "Nem decretos, nem repressão".

Um dos motivos da queixa dos militantes é o fim, anunciado pelo próprio presidente, do programa televisivo "678" na TV Pública. Ultrakirchnerista, o programa segue indo ao ar após a posse de Macri, mas com tom de despedida e protesto. Segundo os organizadores, eles podem deixar a TV ainda este mês.

Nesta quinta, políticos kirchneristas, intelectuais e lideranças de entidades de direitos humanos, como as Avós e Mães da Praça de Maio, participaram da atração e se revezaram em discursos contra o governo atual e a favor do programa.

"Lutamos contra Videla [Jorge Videla, ditador militar argentino], vamos continuar lutando pela democracia", disse Estela de Carloto.

Na rua, em frente ao Congresso, manifestantes gritavam "6-7-8" e "Pátria sim, colônia não".

O presidente da Afsca (Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual), o kirchnerista Martín Sabatella, um dos funcionários que Macri tenta remover do cargo, discursou durante a mobilização. A entidade é a responsável pela aplicação da lei de meios, que obrigou o Grupo Clarín a se desmembrar.

Ele tem mandato formal até 2017, mas Macri quer retirá-lo do cargo, alegando que se trata de um militante e não um funcionário público. "Não há democracia profunda sem pluralidade de palavras, e não há pluralidade se não se regula a voracidade das empresas", disse Sabbatella.

No meio da multidão que assistia ao discurso, as irmãs Patricia e Libertad Strazzeri aplaudiram. Elas levavam um cartaz em que estava escrito "Lei de meios = Muitas vozes 678. Macri = Censura". "Tememos um retrocesso nos direitos humanos, nos julgamentos de militares [da ditadura] e o corte de verba para a educação", disse Patricia.


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