Em visita a Moscou, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse que EUA e Rússia concordaram em acelerar o processo de paz na Síria e uma potencial transição política no país governado pelo ditador Bashar al-Assad.
Kerry reuniu-se nesta terça-feira (15) com seu colega russo, Serguei Lavrov, e com o presidente Vladimir Putin para discutir as divergências entre americanos e russos em relação à guerra civil síria –os EUA querem uma saída política que passe pela deposição de Assad; a Rússia é aliada de longa data do regime.
"Vamos nos reunir nesta sexta (18) em Nova York com o Grupo Internacional de Apoio à Síria e depois aprovar uma resolução da ONU sobre os próximos passos das negociações –e, espero, de um cessar-fogo", disse Kerry.
Lavrov confirmou a reunião da sexta. "Apesar das nossas diferenças, demonstramos que, quando EUA e Rússia caminham na mesma direção, pode haver progresso", afirmou o chanceler.
O secretário de Estado americano disse ainda ter havido "progresso" sobre quais grupos da oposição síria devem ser considerados terroristas e quais devem ser convidados para as negociações –um dos principais pontos de divergência com a Rússia.
Na reunião com o presidente, Kerry expressou "preocupação" com o bombardeio de forças da oposição moderada síria por parte da Rússia.
Os dois países fazem ataques aéreos contra posições da milícia radical Estado Islâmico na Síria, mas suas campanhas não são coordenadas, e os EUA já acusaram os russos de atingir a oposição para fortalecer Assad.
"Eu penso que é benéfico para o mundo quando nações poderosas com uma longa história têm a capacidade de encontrar um terreno comum", disse Kerry a emissoras russas no início de sua reunião com Lavrov. "Espero que alcancemos avanços reais", acrescentou.
O chanceler americano busca articular uma nova rodada de negociações internacionais sobre uma saída política para o conflito na Síria, reunindo potências mundiais e governos da região.
UCRÂNIA
Kerry também discutiu com Putin o conflito no leste da Ucrânia. O secretário de Estado americano disse que EUA e Rússia precisam encontrar um terreno comum para "restaurar a estabilidade" na região.
A Rússia é acusada de apoiar separatistas, que há dois anos têm enfrentado as tropas do governo ucraniano, aliado do Ocidente.
Ao final do encontro, o presidente russo disse apenas que, juntos, americanos e russos têm procurado saídas para as crises mais urgentes, apesar de "várias questões pendentes".