Folha de S. Paulo


Após liderar 1º turno, extrema direita perde eleições regionais na França

Clement Mahoudeau/Efe
BOR105. Aix En Provence (France), 13/12/2015.- A woman walks to the voting booth at a polling station during the second round of 2015 French regional election at the city Hall of Aix en Provence, Provence Alpes Cote d Azur region (PACA), France, 13 December 2015. France goes to the polls in a two-round regional election. The second round in PACA region see right wing party (Les Republicains) and far right wing party (Front National) candidates being the two options left for voters after the left wing candidate (Socialist Party) has resigned between the two rounds. (Elecciones, Francia) EFE/EPA/CLEMENT MAHOUDEAU ORG XMIT: BOR105
Local de votação em Aix-en-Provence, no sul do país, onde foram realizadas eleições regionais

O partido de extrema direita Frente Nacional (FN), líder de votos direita-vence-primeiro-turno-das-eleicoes-regionais-da-franca.shtml no primeiro turno das eleições regionais da França, não conseguiu levar nenhum dos 13 governos locais na etapa decisiva, neste domingo (13), um mês após os atentados em Paris.

A legenda, porém, ganha força em todo o país e sai com cacife calibrado para buscar a Presidência em 2017.

A coligação liderada pelo partido de centro-direita Republicanos (do ex-presidente Nicolas Sarkozy) conquistou sete regiões –aí incluídas as duas em que a FN tivera seu melhor desempenho uma semana antes, com mais de 40% dos votos.

A expectativa de Sarkozy, no entanto, era se impor em até dez regiões, para consolidar currais eleitorais que poderiam catapultá-lo de volta ao Eliseu daqui a três anos.

A frente encabeçada pelos socialistas (do presidente François Hollande), por sua vez, ficou com cinco regiões. Na Córsega, venceram os nacionalistas-independentistas.

Na primeira rodada de votação, no último dia 6, a FN, liderada por Marine Le Pen, havia ficado em primeiro lugar em seis das 13 regiões e alcançado uma façanha inédita em sua história: avançar à etapa decisiva em todas elas –o pré-requisito é ter ao menos 10% dos votos. O desempenho nacional da sigla no primeiro turno (28%) havia deixado para trás republicanos (27%) e socialistas (23%). Foi o melhor resultado da FN num pleito nacional até então.

Analistas atribuíram o feito a uma conjuntura de desemprego em alta, economia estagnada, crise migratória e duas séries de atentados terroristas perpetrados por extremistas islâmicos em território francês em menos de um ano –os do mês passado e os contra o jornal "Charlie Hebdo", em janeiro. A repressão à imigração é um dos pilares da legenda.

Mesmo não emplacando nenhum governo regional (as regiões francesas correspondem, em linhas gerais, aos Estados brasileiros), a sigla amealhou no segundo turno cerca de 30% dos votos em nível nacional, marca muito expressiva –no escrutínio regional anterior, em 2010, obtivera só 9%.

Na semana que separou as duas rodadas da eleição, os socialistas lançaram artilharia pesada contra a FN. O primeiro-ministro, Manuel Valls, disse que um eventual governo de extrema direita poderia conduzir o país à guerra civil e classificou de "enganação" a plataforma política da sigla opositora.

Nas regiões em que a legenda governista não passou para o segundo turno, líderes instaram eleitores a praticar o "voto republicano", anti-FN. Naquelas em que avançou, o PS se juntou a ecologistas e comunistas para engrossar seu eleitorado.

Em discurso após a divulgação dos primeiros resultados, Marine Le Pen disse que o "voto republicano" explicitava "as ligações ocultas entre os que dizem se opor uns aos outros, mas que, na verdade, enganam vocês [eleitores]".


Endereço da página:

Links no texto: