Os detentos de um presídio de alta segurança ao norte de Budapeste vêm produzindo rolos de arame laminado que vão impedir milhares de migrantes e refugiados de atravessar a fronteira entre Grécia e Macedônia.
A oficina do presídio de Marianosztra, que abriga 710 detentos, produz arame laminado para cercar prisões e erguer cercas em fronteiras.
Agora o arame está sendo exportado também para a Eslovênia e Macedônia, para controlar o avanço de centenas de milhares de pessoas que fogem da guerra e da fome no Oriente Médio e na África.
A maioria dos migrantes deste ano entrou na Europa através da Grécia, mas em novembro os países dos Bálcãs começaram a bloquear a passagem de todos os migrantes menos os sírios, iraquianos e afegãos, vistos como refugiados porque estão fugindo de zonas de guerra.
A Hungria ergueu uma cerca, completada em outubro, ao longo de toda sua fronteira sul com a Sérvia e a Croácia. A barreira desviou os migrantes, levando-os a passar pela Eslovênia.
Gyorgy Bakondi, um comissário do governo, disse que inicialmente a Hungria precisou importar arame laminado para suas fronteiras, mas agora está produzindo suficiente para erguer uma barreira também em sua fronteira com a Romênia, caso migrantes tentem seguir por esse caminho.
"Se for preciso, poderemos instalar uma cerca rapidamente usando o arame laminado produzido no país", disse Bakondi a jornalistas. A Hungria ainda não tomou a decisão de erguer uma barreira em sua fronteira com a Romênia.
NOVOS BLOQUEIOS
Bakondi disse que Hungria forneceu à Macedônia 100 km de arame laminado e que parte disso foi produzido em Marianosztra. O país também teria vendido arame laminado à Eslovênia e estaria pronto para suprir outros países europeus do produto, se for preciso.
A polícia grega começou a retirar centenas de migrantes que estavam parados na fronteira entre a Grécia e a Macedônia e que, na quarta-feira (9), estavam obstruindo a passagem de trens.
A Macedônia ergueu uma cerca metálica para impedir a entrada de migrantes e pretende estendê-la para cobrir mais de 40 km de sua fronteira.
Na manhã da quarta-feira, cerca de 12 detentos estavam fabricando os rolos de arame laminado na oficina do presídio de Marianosztra.
Algumas das construções do presídio pertenceram no passado a um mosteiro católico fundado em 1352. O mosteiro ainda existe ao lado do presídio, onde já estiveram encarcerados no passado muitos prisioneiros políticos detidos depois da repressão ao levante húngaro contra a União Soviética, em 1956.
Tradução de CLARA ALLAIN