Folha de S. Paulo


Preso, López pede vitória contra 'ditadura venezuelana' nas urnas

O líder opositor venezuelano Leopoldo López pediu que os eleitores que votem em massa nas eleições parlamentares deste domingo como um primeiro passo para a mudança democrática que debilitará o que chamou de ditadura.

López, líder do Vontade Popular, concedeu uma entrevista ao jornal espanhol "El Mundo" da prisão militar de Ramo Verde, onde cumpre pena de 13 anos e nove meses de prisão por incitação à violência, associação criminosa, dano ao patrimônio e incêndio durante os protestos que convocou em 12 de fevereiro de 2014.

Jorge Silva - 12.fev.2014/Reuters
Leopoldo López durante protesto contra o governo em Caracas, na Venezuela, em 12 de fevereiro de 2014
Leopoldo López durante protesto contra o governo em Caracas, na Venezuela, em fevereiro de 2014

López, que considera a sentença uma prisão política do governo do presidente Nicolás Maduro, tentou entrar com recurso para poder votar nas eleições deste domingo.

O opositor também fala sobre a necessidade dos venezuelanos se reconciliarem após anos de "polarização promovida por este governo autoritário e repressor".

Ele afirma ainda que a nova Assembleia Nacional resultante das eleições deste domingo terá a responsabilidade histórica de impulsionar a mudança política e fazer frente aos que "usurpam o poder da República", em alusão ao chavismo. "Se os venezuelanos majoritariamente pedem mudança, caberá á liderança política definir uma rota pacífica, constitucional e oportuna para consegui-la", diz López.

Os venezuelanos escolherão os 167 representantes da Assembleia Nacional. As pesquisas de intenção de voto mais conceituadas apontam para vitória da oposição em números absolutos. A divisão dos distritos, no entanto, pode reverter a situação a favor do governo. A mudança na distribuição de cadeiras privilegiou redutos do chavismo e é mais uma das medidas para tentar diminuir a influência dos opositores a Maduro.

CAPRILES

Outro líder opositor, o governador de Miranda, Henrique Capriles, também deu entrevista a um jornal espanhol e fez duras críticas a Maduro.

Em declarações ao "ABC", Capriles disse que, se o presidente chavista tentar sabotar a nova Assembleia, ficará ainda mais sem apoio. "Quase 70% da população está conosco. Se Maduro quisesse sair às ruas, quem o acompanharia?", diz.

"O problema mais grave que a Venezuela enfrenta atualmente é que as cifras históricas de pobreza dobraram nos 17 anos de regime chavista", critica o opositor.

"Não há nenhuma maneira de o governo ganhar a eleição. No entanto, o governo de Maduro é capaz de tudo", afirma Capriles, que cita entre as possibilidades até mesmo um golpe de Estado.

LEDEZMA

A mulher de Antonio Ledezma, opositor e prefeito da área metropolitana de Caracas, preso em fevereiro deste ano, votou na manhã deste domingo e disse esperar que seu marido também possa depositar seu voto.

Ledezma foi preso por suposta participação no golpe de 2002, que derrubou, durante três dias, o então presidente Hugo Chávez.

Mitzy Ledezma votou acompanhada dos ex-presidentes da Colômbia Andrés Pastrana e da Bolívia Jorge Quiroga.


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