O governo venezuelano procurou o Brasil para prestar esclarecimentos sobre a resposta dada ao assassinato do dirigente do partido de oposição Ação Democrática (AD) Luis Manuel Díaz, em comício no dia 25 de novembro.
Na última segunda (30), a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, telefonou para o colega Mauro Vieira, que estava em Paris com a presidente Dilma Rousseff na Conferência do Clima, para dizer que seu governo está investigando o caso.
Ela ainda reforçou a posição oficial de seu governo de que se trata de um crime comum, e não político.
Federico Parra - 26.nov.2015/AFP | ||
Familiares no funeral de Luis Manuel Díaz, líder local da oposição venezuelana, assassinado no dia 25 |
No dia seguinte ao assassinato, o presidente Nicolás Maduro declarou que as primeiras investigações sugeriam que a morte de Díaz teria sido um acerto de contas entre quadrilhas.
Opositores atribuem o assassinato a grupos armados ligados ao governo chavista.
O telefonema ao governo brasileiro veio depois de o Itamaraty subir o tom e divulgar uma nota condenando o incidente e lembrando que é "da responsabilidade das autoridades venezuelanas zelar para que o processo eleitoral (...) transcorra de forma limpa e pacífica".
Nesta quinta (3), o ministério soltou outro comunicado, dizendo acompanhar "com atenção a etapa final da campanha, a realização e a apuração das eleições" legislativas de domingo (6).
CARGO TÉCNICO
O governo brasileiro enviará o cônsul-geral em Washington, Antonino Mena Gonçalves, para a missão da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) que acompanhará a eleição.
Segundo a nota, ele será o assistente do chefe da missão, o ex-presidente dominicano Leonel Fernández. Ou seja: um cargo técnico.
A designação veio após o mal-estar gerado por um veto velado de Caracas ao ex-ministro brasileiro Nelson Jobim como chefe da delegação. Ante a resistência do governo Maduro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) anunciou que não participaria da missão.
O Itamaraty chegou a procurar ministros e especialistas que tivessem passado pelo TSE e possuíssem experiência em monitorar eleições, mas não teve sucesso.
O governo brasileiro defende que, apesar de não ter conhecimento técnico sobre eleições, Mena Gonçalves conhece a região, tendo servido em Bolívia e Colômbia.
Na nota desta quinta (3), o Itamaraty diz esperar que os observadores da Unasul "tenham a mais ampla possibilidade de atuação" e "possam contribuir para atestar a credibilidade do processo eleitoral e a legitimidade de seus resultados".