Folha de S. Paulo


França fecha três mesquitas suspeitas de radicalização

Três mesquitas suspeitas de serem focos de radicalização islamista foram fechadas na França desde a semana passada, segundo informações do Ministério do Interior.

É a primeira vez que isso acontece, diz o governo do país. A medida é válida enquanto durar o estado de emergência decretado após os atentados do último dia 13 –por ora, três meses.

A mais recente interdição aconteceu na quarta-feira (2), em Lagny-sur-Marne, cidade de 21 mil habitantes a 35 km a leste de Paris. Nas casas de dirigentes do templo local, foram apreendidos um revólver 9mm, um HD externo e documentos sobre a jihad.

Thomas Samson - 2.dez.2015/AFP
Fechamento de mesquita de Lagny-sur-Marne deve ficar em vigor enquanto durar estado de emergência
Fechamento de mesquita de Lagny-sur-Marne deve ficar em vigor enquanto durar estado de emergência

O dono da arma teve sua prisão temporária decretada, 22 indivíduos foram proibidos de deixar a França e outros nove estão em prisão domiciliar.

O responsável pelo local e presidente da associação dos muçulmanos da cidade, Mohammed Ramdane, lamentou o fechamento, dizendo que "não esconde nada" e que não autoriza "nenhum discurso que coloque em questão o projeto de amor do islã", segundo relato da revista "Le Point".

Em abril, o antigo diretor da mesquita havia tido seus bens bloqueados pelas autoridades francesas. Dito fundamentalista, ele teria partido para o Egito em dezembro de 2014.

As outras mesquitas fechadas (respectivamente, nos dias 25 e 26 de novembro) ficam em Gennevilliers (na periferia norte de Paris) e em Arbresle, perto de Lyon.

Além delas, quatro salas de oração clandestinas em Nice (sul do país) tiveram as atividades encerradas.

O Ministério do Interior diz que outros templos podem ser interditados a qualquer momento. As associações que gerenciavam as três mesquitas visadas foram desativadas, mas o governo informa que grupos moderados poderão assumir a coordenação dos locais quando do fim do estado de emergência e reabri-los.

Há na França 2.200 endereços de culto muçulmano. De acordo com o jornal "Figaro", 89 deles são administrados por indivíduos identificados como fundamentalistas e 41 deles são alvos de "ataques salafistas".

BALANÇO

O Ministério do Interior divulgou também um balanço atualizado das ações de repressão ao terrorismo realizadas desde o dia 13.

Foram até quarta-feira 2.235 operações de busca e apreensão, 263 detenções e 232 prisões provisórias. Trezentas e trinta e quatro armas foram apreendidas, sendo 34 de guerra.


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