Folha de S. Paulo


Polícia identifica casal como autores de ataque a centro nos EUA

Atiradores atacam centro comunitário nos EUA

A polícia identificou os autores do ataque a tiros lançado contra um centro comunitário em San Bernardino, no sul da Califórnia, que deixou 14 mortos e 21 feridos na quarta-feira (2) —o maior massacre nos EUA em três anos.

Os atiradores, que foram mortos em uma troca de tiros com a polícia na cidade vizinha de Redlands, são Syed Rizwan Farook, cidadão americano de 28 anos, e sua mulher ou noiva, Tashfeen Malik, 27. Os dois tinham mais 1.600 balas quando foram mortos, disse a polícia.

Reuters
Foto de Tashfeen Malik, paquistanesa autora do ataque a San Bernardino, divulgada pelo FBI
Foto de Tashfeen Malik, paquistanesa autora do ataque a San Bernardino, divulgada pelo FBI

De acordo com David Bowdich, diretor assistente do escritório do FBI em Los Angeles, Malik tinha passaporte paquistanês e entrou nos EUA, juntamente com Farook, com um visto de noiva em julho de 2014.

O chefe policial de San Bernardino, Jarrod Burguan, afirmou que as autoridades acreditam que os dois são os únicos envolvidos no ataque.

Ainda não está claro se uma terceira pessoa capturada após ser vista correndo perto do local da morte dos atiradores tem relação com o incidente.

Farook era um especialista ambiental que trabalhava havia cinco anos no Departamento de Saúde Pública do condado de San Bernardino e às vezes como inspetor no Inland Regional Center, centro comunitário onde o ataque foi lançado. O local ajuda deficientes a encontrar trabalho, tratamento, habitação e transporte.

A motivação do casal ainda não está clara. Bowdich, do FBI, afirma que uma das possibilidade é rixa de trabalho e a outra é "terrorismo".

Em comentários nesta quarta, o presidente Barack Obama confirmou as duas linhas de investigação, mas pediu que as pessoas não se apressem a tirar conclusões.

O casal portava armamento pesado e atacou uma celebração onde estavam companheiros de trabalho de Farook.

Ao jornal "Los Angeles Times", eles expressaram surpresa com o fato de o nome de Farook estar relacionado ao ataque, já que ele era tranquilo e educado e não mostrava ter rancores.

Eles disseram que Farook viajou para a Arábia Saudita e retornou com Malik, que conheceu na internet. Os dois tinham uma filha de seis meses.

Segundo Hussam Ayloush, diretor executivo do Conselho de Relações Americanas e Islâmicas, o casal deixou o bebê com sua família na manhã de quarta-feira e nunca mais retornou para buscá-lo.

Ataque na Califórnia

De acordo com Patrick Baccari, que trabalhava com Farook, o atirador era um homem reservado que não mostrava comportamento incomum. Há alguns meses, contou, deixou sua barba crescer.

Durante a festa, Farook sentou-se a mesma mesa que Baccari, deixando seu casaco sobre a cadeira após desaparecer repentinamente, para voltar mais tarde com Malik.

Os dois portavam um fuzil e um revólver e vestiam roupas em estilo militar equipadas com bastante munição. O casal também colocou um artefato com três bombas caseiras conectadas com um controle remoto que aparentemente não funcionou. O artefato foi detonado pela polícia.

De acordo com Meredith Davis, porta-voz do Birô de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, as armas foram compradas de forma legal nos EUA.

Baccari sobreviveu, ficando apenas levemente ferido com estilhaços, porque havia acabado de entrar no banheiro no momento em que começaram os tiros.

Farhan Khan, que é casado com a irmã de Farook, afirmou não "ter nenhuma ideia de por que ele faria algo assim". "Estou chocado", disse.

PERSEGUIÇÃO

Os policiais conseguiram rastrear o casal após receber um pista que os levou até uma casa na cidade de Redlands, onde avistaram um veículo suspeito.

Logo em seguida, teve início uma perseguição que terminou com a morte do casal e com um policial ferido. Cerca de 20 agentes participaram da perseguição.

A polícia examinou uma casa relacionada ao crime e encontrou mais de 3.000 cartuchos de munição, 12 bombas caseiras e centenas de ferramentas que poderiam ser usadas para fabricar artefatos explosivos improvisados.

Apesar de as autoridades indicarem que os motivos do crime ainda são desconhecidos, afirmam que tudo indica que foi planejado, não se tratando de uma ação espontânea.

Ataque em San Bernadino

Houve mais de 350 episódios de violência com armas de fogo neste ano com quatro ou mais pessoas mortas ou feridas nos EUA, de acordo com o site shootingtracker.com, que faz uma compilação desses casos.

Na última sexta-feira (30), um homem armado invadiu uma clínica da organização Planned Parenthood em Colorado Springs, no Colorado, deixando três mortos.

O ataque em San Bernardino parece se diferenciar de outros massacres recentes nos EUA, incluindo o envolvimento de mais de um atirador na ação.


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