Folha de S. Paulo


Uruguai e Paraguai condenam morte e pedem respeito a eleição na Venezuela

Os governos do Uruguai e do Paraguai condenaram nesta sexta-feira (27) a morte do opositor venezuelano Luis Manuel Díaz e pediram que as autoridades garantam a segurança da oposição e respeitem o resultado eleitoral.

Com as declarações, os dois países elevaram o tom em relação ao governo de Nicolás Maduro. Também nesta sexta, a Chancelaria brasileira pediu que a Venezuela zele para que as eleições transcorram de forma limpa e pacífica.

Federico Parra/AFP
A família do dirigente Luis Manuel Díaz vela o corpo do opositor em Altagracia de Orituco, na Venezuela
A família do dirigente Luis Manuel Díaz vela o corpo do opositor em Altagracia de Orituco, na Venezuela

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores uruguaio repudiou a morte do opositor e pediu a investigação do crime. O país ainda pede que o governo venezuelano dê as condições para que as eleições no país sejam livres.

"O governo do Uruguai faz um chamado à calma, à tolerância, a garantir a liberdade de expressão e evitar por todos os meios a incitação à violência nesta etapa da campanha eleitoral", diz o comunicado.

Durante encontro com o colega espanhol, José Manuel García-Margallo, em Assunção, o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, manifestou a preocupação do país com a situação na Venezuela.

Segundo o ministro, o governo paraguaio espera que se respeitem os resultados das próximas eleições e que estas se deem com a maior participação possível. "Esse é o jogo democrático", disse, durante a entrevista.

Secretário do Ação Democrática, Díaz foi assassinado em comício da Mesa de Unidade Democrática em Altagracia de Orituco (a 124 km de Caracas) na quarta (25). A mulher de Leopoldo López, Lilian Tintori, participava do evento.

A morte ocorreu a 11 dias da eleição parlamentar venezuelana, em que pesquisas apontam como ganhadores os rivais de Nicolás Maduro. Nos últimos dias, o governo chavista deu sinais de que não aceitaria uma derrota no pleito.

MERCOSUL

A mudança de tom de Brasil, Paraguai e Uruguai acontece depois que o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, defendeu que a Venezuela seja suspensa do Mercosul por não se enquadrar na cláusula democrática.

Nos últimos meses, os três países tem reagido de forma mais crítica a ações do governo chavista, como a condenação do dirigente opositor Leopoldo López e às dificuldades impostas à missão de acompanhamento eleitoral da Unasul.

Em outubro, as autoridades venezuelanas rejeitaram o ex-presidente do TSE Nelson Jobim como chefe da comissão do bloco sul-americano. Depois do veto, o órgão eleitoral brasileiro deixou os trabalhos com a Unasul.

Os presidentes também são pressionados internamente por suas respectivas oposições, que pedem uma ação mais dura contra Maduro. Dentre os membros da Unasul que não são membros plenos do Mercosul, Chile e Colômbia também condenaram o assassinato.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que a morte de Luis Manuel Díaz não tem nenhuma justificativa. "Esperamos que seja feita toda a investigação do caso, que os responsáveis sejam enviados à Justiça e tomara que não tenhamos eleições com violência."

Na quinta, o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, disse esperar que seja garantido um clima de paz para as eleições parlamentares.


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