França e Rússia intensificarão e coordenarão seus ataques na Síria contra a facção terrorista Estado Islâmico (EI), anunciaram nesta quinta-feira (26) seus respectivos presidentes, François Hollande e Vladimir Putin, em coletiva de imprensa após encontro no Kremlin, em Moscou, capital da Rússia.
"Os ataques contra o Daesh [acrônimo em árabe para EI] se intensificarão e serão coordenados", resumiu o presidente francês, após dizer a Putin que a França está disposta e deseja trabalhar ao lado da Rússia na luta contra grupos terroristas, sendo o EI o principal alvo.
Stephane de Sakutin/AFP | ||
François Hollande e Vladimir Putin se encontram no Kremlin nesta quinta-feira (26) |
Putin, por sua vez, se disse disposto a cooperar com a coalizão internacional liderada pelos EUA, que ataca o Estado Islâmico na Síria desde o ano passado, mas fez uma ressalva importante.
"Estamos prontos para cooperar com a coalizão liderada pelos Estados Unidos, mas claro que incidentes como a destruição da nossa aeronave e a morte de nossos militares são completamente inaceitáveis", disse, referindo-se à derrubada de um de seus aviões militares pela Turquia -membro da coalizão- na terça.
"E partimos da premissa de que não haverá uma repetição disso, ou nós não precisaremos cooperar com ninguém, nenhuma coalizão, nenhum país", completou.
O encontro entre Hollande e Putin acontece dois dias depois de o líder francês ter se reunido com o presidente dos EUA, Barack Obama, em Washington. Na ocasião, os dois se comprometeram a aumentar os ataques aéreos contra o EI e a cooperação na área de inteligência. Após a conversa com Hollande, Obama disse que a cooperação russa seria "extremamente útil".
Após os atentados de Paris, que deixaram 130 mortos, e a explosão de um avião russo que voava sobre a península do Sinai, no Egito, que matou 224 (ambos cometidos pelo EI), Hollande se empenha para juntar numa mesma coalizão países que já atacam a facção, mas têm interesses conflitantes na guerra civil da Síria.
Membros da coalizão liderada pelos EUA -além de atacarem o EI- ajudam com treinamento e armas grupos que pedem a saída do ditador sírio, Bashar al-Assad. Já a Rússia ataca, além do EI, qualquer milícia contra Assad, seu maior aliado na região.