Folha de S. Paulo


Oposição venezuelana espera que Argentina inspire eleitores do país

Enquanto o governo da Venezuela silencia, o antichavismo exulta com a vitória do conservador Mauricio Macri na eleição argentina.

Os principais caciques opositores parabenizaram enfaticamente o novo presidente e manifestaram a expectativa de que a queda do kirchnerismo pela via eleitoral sirva de inspiração para os venezuelanos às vésperas da eleição parlamentar de 6 de dezembro.

"A América Latina sempre se moveu em ciclos, e a eleição na Argentina pode ter sido o início do capítulo final dos governos personalistas, autoritários e economicamente fracassados", disse à Folha o deputado e candidato à reeleição Julio Borges, chefe de campanha da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD).

Borges admite que o resultado argentino impacta muito mais o ambiente político do que pessoas comuns. Ele diz, porém, que seu partido registrou celebrações pró-Macri no interior da Venezuela.

O governador do Estado de Miranda e ex-candidato à Presidência Henrique Capriles falou em "dia histórico" e a deputada cassada Maria Corina Machado disse enxergar esperança de um futuro de prosperidade para os venezuelanos.

Pelo lado do governo, que mantém relação simbiótica com o kirchnerismo, não houve reação por parte do presidente Nicolás Maduro -em viagem ao Irã-, nem de outras autoridades. Macri defende acionar a cláusula democrática do Mercosul contra a Venezuela por violações de direitos humanos. No caso do Paraguai, isso levou à suspensão de Assunção do bloco.

O chefe da campanha chavista para a eleição, Jorge Rodríguez, só saudou Cristina Kirchner como a "melhor presidente na história da Argentina" e pediu à oposição venezuelana que, a exemplo dos argentinos, aceite o resultado das urnas "sem violência".

A pesquisadora em relações internacionais Giovanna De Michelle disse que a eleição de Macri é um reflexo de mudanças em curso na região.

"Há um esgotamento dos governos de esquerda que transcende o caso argentino. No Brasil, é a corrupção. No Equador, é a violação da liberdade de expressão. Na Venezuela, o cenário [de profunda crise econômica, política e social] que todos conhecemos."


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