Folha de S. Paulo


Premiê britânico pedirá autorização do Parlamento para atacar EI na Síria

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, vai apresentar ao Parlamento proposta para se juntar à coalizão de combate ao Estado Islâmico (EI) na Síria.

A informação foi dada por ele nesta segunda-feira (23) após encontro com o presidente francês, François Hollande, em Paris, para homenagear as vítimas dos atentados à capital francesa no último dia 13.

Os ataques foram reivindicados pela facção extremista que ocupa territórios na Síria e no Iraque.

"Apoio a ação do presidente Hollande para lutar contra o EI e estou convencido que o Reino Unido deve fazer o mesmo", afirmou Cameron, que deve revelar até quinta (26) sua estratégia militar de ataque à região. A proposta pode ser votada na semana que vem.

Eric Gaillard/Reuters
François Hollande (à dir.) chega ao Palácio do Eliseu, em Paris, com o premiê britânico, David Cameron
François Hollande (à dir.) chega ao Palácio do Eliseu, em Paris, com o premiê britânico, David Cameron

A ideia é se unir à coalizão formada por França e Estados Unidos. O governo francês já se aliou também a forças russas na região síria, movimento que ainda não ocorreu por parte dos americanos e não é cogitado, por ora, pelos britânicos.

As forças francesas, aliás, começaram pela primeira vez a operar a partir do porta-aviões Charles de Gaulle, deslocado para o Mediterrâneo para ajudar na ação na Síria.

Já David Cameron colocou ainda à disposição da França a base aérea de RAF (Royal Air Force) Akrotiri, no Chipre, para operações contra a milícia extremista.

Sua proposta de atuar militarmente na Síria tem grandes chances de ser aprovada no Parlamento, ao contrário do que ocorreu em 2013, quando ele sofreu a maior derrota de seu governo com a rejeição de moção para agir em território sírio.

No dia 29 de agosto daquele ano, o premiê tentou passar uma proposta para atacar a Síria no combate ao regime do ditador Bashar al-Assad.

Não havia um Estado Islâmico fortalecido como hoje e o alvo eram as tropas de Assad que estariam usando armas químicas contra civis.

O pedido do governo foi derrotado por 285 votos a 272, inclusive com votos de membros do Partido Conservador, do premiê.

Desde a polêmica invasão no Iraque, em 2003, a população e muitas lideranças políticas se opõem a novas ações militares do Reino Unido.

Obviamente, Cameron não quer repetir o fiasco de 2013, mas ele tem agora fatores que devem ajudá-lo a ser bem sucedido: um novo inimigo, o Estado Islâmico, que carrega junto a ameaça do terrorismo em território europeu (sendo o Reino Unido um potencial alvo de extremistas), e uma maioria consolidada no Parlamento para seu partido, algo que não havia há dois anos.

Além disso, membros do Partido Trabalhista, principal força de oposição, já sinalizaram que devem respaldar o ataque ao EI.

O seu líder, Jeremy Corbyn, chegou a dizer que, se dependesse somente dele, não haveria carta branca para o Reino Unido agir na Síria.

Mas Corbyn, uma figura de extrema-esquerda recém-eleita para a função, não é unanimidade dentro de sua legenda e já foi alertado, segundo a mídia inglesa, de que se insistir nesta tese sofrerá uma grave derrota na bancada do próprio partido.

Cameron anunciou também nesta segunda novas medidas de investimento militar no valor de £ 12 bilhões (R$ 67,7 bi), incluindo a renovação dos submarinos nucleares.

Segundo ele, o Reino Unido é capaz de escalar até 10 mil homens nas ruas em caso de ataques parecidos com os que ocorreram em Paris.


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