Folha de S. Paulo


Peronistas interpretam fala de papa como 'apoio' a Scioli

Às vésperas da eleição presidencial de domingo (22), o papa Francisco, argentino de maior projeção internacional, pediu consciência aos eleitores. "Já sabem o que penso. Votem com consciência."

A primeira parte da declaração papal foi interpretada por peronistas como uma senha de que o pontífice teria indicado preferência pelo governista Daniel Scioli.

Os peronistas alegam que o cardeal Jorge Bergoglio, antes de chegar a Roma e transformar-se em Francisco, era seguidor da corrente política inaugurada pelo general Juan Domingo Perón, que nasceu advogando a justiça social.

Alberto Pizzoli/Reuters
O papa Francisco recebe a presidente argentina, Cristina Kirchner, em audiência no Vaticano em 2014
O papa Francisco recebe a presidente argentina, Cristina Kirchner, em audiência no Vaticano em 2014

No debate presidencial do último domingo (15), Scioli citou o nome do pontífice, mas não mencionou o da presidente Cristina Kirchner.

A oposição, por sua vez, tentou desinflar o peso de uma eventual preferência de Francisco. "O papa arrasta não mais que dez votos", disse o marqueteiro de Mauricio Macri, Jaime Duran Barba.

Para ele, as pessoas não votam pensando em agradar ao pontífice. "Nem no México, que é um país extremamente mais católico, o papa exerce influência sobre o voto."

O coordenador de campanha de Macri, Marcos Peña, disse que não seria adequado tentar interpretar as palavras de Francisco. "Não nos parece adequado interpretá-lo politicamente. Ele é referência mundial, mas claramente não intervém na política local. Tem desafios maiores."

Neste ano, o papa já se encontrou com Cristina Kirchner em Cuba e no Paraguai, durante a passagem do pontífice pelo continente. Na ocasião, a imprensa argentina especulou que Francisco havia evitado visitar seu país devido ao calendário eleitoral.

O próprio papa reclamou de que políticos argentinos haviam tentado usá-lo.


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