As autoridades francesas afirmam terem evitado mais um atentado em Paris ao desmantelar nesta quarta (18) uma célula terrorista após operação policial que deixou pelo menos dois mortos e oito presos.
Explosões e tiros acordaram os moradores do centro de Saint-Denis, no norte da capital, por volta das 4h20 (1h20, horário de Brasília), a menos de dois quilômetros do Stade de France, onde três homens-bomba se explodiram na sexta-feira (13).
Estações de metrô e o comércio fecharam, e aulas escolares foram canceladas –um clima de pânico e medo tomou conta da região.
Em Paris, homens armados vigiavam vagões.
O alvo em Saint-Denis era um apartamento entre as ruas République (a principal da cidade) e Corbillon.
Ao menos cem policiais foram escalados e 5.000 tiros disparados. Suspeitava-se que no terceiro andar estivesse o belga Abdelhamid Abaaoud, 27, suposto mentor dos ataques que mataram 129 pessoas.
"Ouvi as primeiras explosões e levei meus filhos para debaixo da mesa, pois achei que algo estava desabando. Quando vi que eram tiros, fui para o banheiro", conta Lefty, que vive no prédio da frente. "Os policiais gritavam para não abrirmos nada", disse o vizinho Kessentini Imed.
Por volta das 8h, o prefeito de Saint-Denis, Disser Paillard, tremia e parecia transtornado: "Pedi a todos que fiquem em casa".
Uma ordem foi deixada no prédio da brasileira Ana Paula Sharpers, 33, a 300 metros dali: "O aviso era para não sair de casa, pois um 'kamikaze' havia se explodido e a rua foi tomada por militares".
Mapa dos locais do atentados em Paris
O "kamikaze" seria uma mulher que teria explodido no confronto. Seria prima de Abaaoud –a mídia francesa a identificou como Hasna Aitboulahcen, 26.
Um homem morreu, mas não teve o nome revelado. Um terceiro suspeito teria perdido a vida, algo que as autoridades não confirmam.
O jornal "The Washington Post" informou que Abaaoud morreu na ação. A procuradoria francesa, porém, declarou que o terrorista, ligado à facção radical Estado Islâmico, não está entre os presos, mas não descartou que esteja entre os mortos.
Foi dito o mesmo de Salah Abdeslam, 26, foragido e considerado o operador dos atentados a Paris, tendo alugado três carros para os ataques.
Para anunciar a morte deles, as autoridades esperam a identificação dos corpos, o que deve levar um tempo pelo fato de estarem despedaçados –ou seja, é real a possibilidade de que Abaaoud tenha de fato sido morto.
O procurador-geral François Molins declarou que a operação em Saint-Denis conseguiu impedir um novo ataque terrorista a Paris. Um dos alvos seria La Défense, centro financeiro da cidade.
"O arsenal [fuzis Kalashnikov] e o nível de preparação nos levam a acreditar que estavam prontos para agir."
Para chegar ao imóvel de Saint-Denis, foi crucial a interceptação telefônica e, sobretudo, o aparelho celular de um dos três terroristas achado na casa de shows Bataclan, onde mataram 89 pessoas sexta. Nele, havia a mensagem: "Estamos prontos".