Folha de S. Paulo


Apesar de guerra, franceses não devem ceder ao medo, diz Hollande

O presidente François Hollande disse que os franceses não podem "ceder ao medo" e devem "retomar completamente a vida" cultural do país após os ataques terroristas que mataram 129 pessoas em Paris na sexta-feira (13).

"O que seria nosso país sem cafés, espetáculos, eventos esportivos, museus?", declarou Hollande nesta quarta-feira (18) durante encontro com prefeitos de todo o país. "Os terroristas visaram a própria ideia da França, aquilo que ela representa. (...) A juventude da França foi o alvo."

13.nov.2015/Christelle Alix/Presidência Francesa/AFP
In this handout picture receivced from the French Presidents office French president Francois Hollande adresses the nation on November 13, 2015 after a series of gun attacks occurred across Paris as well as explosions outside the national stadium where France was hosting Germany. French President Francois Hollande said Friday he had declared a state of emergency across the country after simultaneous attacks in Paris left at least 39 people dead. AFP PHOTO / PRESIDENCE DE LA REPUBLIQUE / CHRISTELLE ALIX RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT
François Hollande faz pronunciamento após ataques em Paris

O mandatário prometeu aos prefeitos reforçar a segurança nas cidades para que museus sejam reabertos "e turistas sejam bem-vindos".

Segundo Hollande, as operações policiais de busca por suspeitos de envolvimento com o extremismo islâmico, como a que ocorreu na manhã desta quarta no norte de Paris, "confirmam que o país está em guerra" contra o terror.

O presidente defendeu "restrições temporárias de liberdade" para garantir a segurança do país, e disse que elas devem ser eventualmente retomadas.

Nesta quarta-feira, o governo propôs formalmente ao Parlamento estender por três meses o estado de emergência que está em vigor no país desde os atentados. A proposta inclui medidas que dão permissão às autoridades para proibir "qualquer associação ou encontro", incluindo mesquitas e grupos comunitários.

Hollande reconheceu o crescimento da islamofobia na França após os atentados, e disse que "quaisquer atos xenofóbicos, antissemitas [ou] islamofóbicos não devem ser tolerados".

Além disso, o mandatário negou que os ataques terroristas tenham a ver com o crescente fluxo de refugiados entre o Oriente Médio e a Europa.

Ele disse que "os habitantes de áreas no Iraque e na Síria controladas pelo Daesh [termo em árabe para se referir à milícia radical Estado Islâmico (EI)] são martirizados por aqueles" que atacam a França atualmente.

Hollande anunciou que a França deve dar asilo para 30 mil refugiados nos dois próximos anos.

Desde os atentados da semana passada, a França intensificou seus bombardeios contra o EI na Síria e vem buscando a formação de uma coalizão internacional única, que envolva os EUA e a Rússia para combater o terrorismo.

Para coordenar esforços militares, Hollande pretende visitar o presidente Barack Obama em Washington na próxima terça-feira (24) e o presidente Vladimir Putin em Moscou na quinta (26).


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