Folha de S. Paulo


Cristina cancela último encontro como presidente com Dilma

O último encontro entre a presidente Cristina Kirchner e sua equivalente brasileira, Dilma Rousseff, foi cancelado de última hora.

Marcado para o próximo dia 27, em Foz do Iguaçu, o evento lembraria os 30 anos do primeiro ato de aproximação entre Brasil e Argentina, celebrado entre os presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín em 1985.

Há duas semanas, logo após o primeiro turno da eleição presidencial na Argentina, Cristina informou à diplomacia brasileira que não poderia participar do evento por problemas de agenda. A presidente argentina também cancelou sua ida ao encontro do G20, na Turquia, nesta semana.

Pedro Ladeira - 17.jul.2015/Folhapress
Dilma condecora Cristina com grão-colar da Ordem do Cruzeiro do Sul no Itamaraty, em julho deste ano
Dilma condecora Cristina com grão-colar da Ordem do Cruzeiro do Sul no Itamaraty, em julho deste ano

A imprensa local especula se a presidente estaria ocupada com a campanha eleitoral de seu sucessor, Daniel Scioli, que enfrenta dificuldades nesta fase da eleição presidencial argentina. De favorito a uma vitória no primeiro turno, o político aparece agora atrás nas pesquisas de intenção de voto.

O encontro marcado entre Dilma e Cristina, porém, seria após o segundo turno, previsto para o dia 22 de novembro.

O evento presidencial lembraria o importante acordo de aproximação de Brasil e Argentina, que encerrou a corrida armamentista na região e abriu caminho para a construção do Mercosul, cuja criação ocorreria seis anos depois.

Mas na ocasião Cristina, que deixa o cargo em 10 de dezembro, se despediria de Dilma ainda na condição de presidente da Argentina.

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O cancelamento reforça a imagem de má relação vivida entre os dois países em termos comerciais neste momento.

Nos últimos dois anos, o intercâmbio comercial entre Brasil e Argentina encolheu em quase US$ 10 bilhões, segundo a consultoria argentina Abeceb. Resultado das dificuldades econômicas dos dois países, mas também de políticas protecionistas dos dois lados da fronteira.

Oficialmente, Dilma estava com uma agenda apertada e não teria como encaixar o encontro com Cristina em outro dia. Depois desse encontro, a presidente brasileira deverá ir a Paris para a cúpula sobre mudanças climáticas; em seguida, parte em uma viagem à Ásia.


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