Folha de S. Paulo


Rússia vai posicionar novas armas contra escudos antimísseis da Otan

A Rússia vai enfrentar o programa antimísseis da Otan, liderado pelos EUA, posicionando novas armas de ataque capazes de perfurar a proteção, informou nesta terça-feira (10) o presidente Vladimir Putin.

Putin disse a autoridades de defesa do país que, ao desenvolver sistemas de defesas contra mísseis balísticos, Washington tenta "neutralizar" a estratégia russa de dissuasão e ganhar uma "superioridade militar decisiva".

O presidente disse que Moscou responderá desenvolvendo "sistemas de ataque capazes de penetrar qualquer sistema de defesa".

"Nos últimos três anos, empresas do complexo industrial militar criaram e testaram com sucesso uma série de sistemas capazes de realizar missões de defesa antimísseis em camadas. Tais sistemas já começaram a entrar nas Forças Armadas neste ano. E agora falamos em desenvolver novos tipos de armas ", disse Putin.

Alexei Druginin/Efe
Vladimir Putin durante reunião com chefes militares no complexo de Bocharov Ruchei, em Sochi
Vladimir Putin durante reunião com chefes militares no complexo de Bocharov Ruchei, em Sochi

A declaração do dirigente ocorre dissuasão nuclear nem momento em que as relações da Rússia com os EUA e seus aliados da Otan estão no ponto mais baixo desde a Guerra Fria, após a crise no leste da Ucrânia.

Por muitos anos, o Kremlin protestou contra o escudo antimísseis norte-americano, dizendo que ele poderia tornar-se capaz de interceptar mísseis balísticos nucleares intercontinentais da Rússia, erodindo assim a força de dissuasão nuclear russa.

Washington, por sua vez, argumenta que o escudo foi destinado a dar proteção contra ameaças de mísseis de países como o Irã e a Coreia do Norte e que ele não seria capaz de lidar com o enorme arsenal nuclear russo.

Putin retrucou que os EUA têm trabalhado no escudo antimísseis apesar do acordo entre o Irã e as seis potências mundiais, que restringiram o seu programa nuclear em troca de alívio de sanções internacionais.

"Assim, as referências ao Irã e à ameaça de mísseis nucleares da Coreia do Norte só têm servido para encobrir os verdadeiros planos [dos EUA]. E o seu verdadeiro objetivo é neutralizar o potencial nuclear de outras potências nucleares, e a Rússia em particular", disse Putin, que acrescentou que, no futuro, a Rússia pode também trabalhar no desenvolvimento de seus próprios sistemas de defesa antimísseis.

Ele disse porém que agora o país se concentra em novas armas de ataque.


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