Folha de S. Paulo


Bomba pode ter causado queda de avião russo no Egito, diz Reino Unido

O governo britânico afirma estar cada vez mais preocupado com a possibilidade de que o avião russo da Metrojet, que caiu no Egito no último sábado (31), tenha sido derrubado por uma bomba e, por isso, decidiu suspender os voos com destino à península do Sinai ou oriundos do local.

O gabinete do primeiro-ministro David Cameron informou que especialistas em avião britânicos estão indo até a cidade turística de Sharm-el-Sheikh, origem do voo da Metrojet, para garantir segurança antes de que voos britânicos recebam permissão para deixar o local.

Não há voos britânicos com destino à cidade nesta quarta-feira (4).

O gabinete de Cameron em Downing Street diz que "nos preocupa que o avião possa ter sido derrubado por um artefato explosivo".

Posteriormente, uma fonte egípcia próxima à investigação afirmou que a causa da queda parece ter sido uma explosão, mas que não está claro se foi desatada por combustível, problema nos motores ou por bomba.

"Estamos examinando o solo no local da queda para tentar determinar se foi uma bomba", disse a fonte.

Investigadores extraíram e validaram o conteúdo da caixa-preta com dados de áudio, recuperada do avião russo, informou o Ministério da Aviação do Egito nesta quarta.

De acordo com o ministério, a caixa-preta com dados do voo, porém, foi parcialmente danificada e seria preciso muito trabalho para extrair suas informações.

"Por isso, não podemos fazer mais nenhum comentário sobre as caixas-pretas. O exame das peças no local continua", diz o comunicado do ministério.

Previamente, o braço da facção radical Estado Islâmico (EI) no Egito descartou em uma mensagem de áudio as dúvidas de que teriam causado a queda do avião no Sinai, deixando 224 mortos. A facção afirmou que detalhará no momento adequado como realizou a ação.

O Airbus A321 de operação russa caiu no último sábado 23 minutos após a decolagem da cidade de Sharm-el-Sheik, no mar Vermelho, e tinha como destino São Petersburgo, na Rússia.

ESTADO ISLÂMICO

O grupo Província do Sinai, leal ao EI, afirmou em comunicado no dia do acidente que teria abatido a aeronave "em resposta aos ataques aéreos russos que mataram centenas de muçulmanos nas terras sírias".

A reivindicação foi descartada por oficiais egípcios e russos. Especialistas em segurança e investigadores acreditam ser pouco provável que o avião tenha sido atingido por forças externas, e os militantes da região do Sinai não teriam a tecnologia necessária para derrubar um jato em velocidade de cruzeiro a mais de 30 mil pés (9 quilômetros) do chão.

Acidente de avião do Egito

Oficiais russos, no entanto, afirmam que o avião provavelmente se despedaçou no ar, deixando aberta a possibilidade de uma explosão.

Perguntado sobre os comentários e reportagens da imprensa local, que dão conta que as caixas-pretas teriam captado sons pouco comuns antes da queda, o ministro da Aviação Civil, Hossam Kemal, respondeu que os fatos ainda seriam apurados.

"Isso é apenas especulação. Não há nada definitivo até que a comissão de investigação termine seu inquérito", disse.

A Rússia, aliada do ditador Bashar al-Assad, começou uma ofensiva aérea contra grupos de oposição na Síria, incluindo o EI, em 30 de setembro. A linha dura do grupo extremista pediu guerra contra a Rússia e os Estados Unidos em resposta aos ataques na Síria.

Os apoiadores do EI no Iraque publicaram um vídeo nesta terça-feira (3) parabenizando seus colegas egípcios e advertindo o presidente russo, Vladimir Putin, de que haverá outros ataques.


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