O presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, se reunirá pela primeira vez com seu colega chinês, Xi Jinping, no próximo sábado (7), em Cingapura, anunciou na manhã desta quarta-feira (no horário local) a Presidência taiwanesa.
Será o primeiro encontro entre os líderes chinês e taiwanês em mais de 60 anos, desde a derrota dos nacionalistas na Revolução Chinesa, em 1949, e sua fuga para a ilha taiwanesa.
O governo da China confirmou o encontro na noite desta terça, por meio da agência estatal de notícias Xinhua. Segundo a agência, trata-se de um "arranjo pragmático" que está de acordo com o princípio da China unificada –Pequim considera Taiwan uma "província rebelde".
A Xinhua citou Zhang Zhijun, chefe do escritório da China para assuntos de Taiwan, segundo o qual o encontro reforçará a estabilidade e a paz regional.
Os chefes de Estado da China e de Taiwan conversarão sobre suas respectivas posições em relação a temas bilaterais com a intenção de assegurar a paz, explicou o porta-voz de Ma, Charles Chen, destacando que não serão assinados acordos e que não haverá declaração conjunta.
Charles Chen informou que o objetivo do encontro é "garantir a paz e manter o status quo do estreito de Taiwan", que separa os dois países.
"Não será assinado nenhum acordo, nem será divulgado nenhum comunicado comum", ressaltou o porta-voz.
A Casa Branca saudou com cautela a notícia do encontro, mas acrescentou que "temos que ver o que sairá realmente da reunião".
"Certamente damos as boas-vindas aos passos dados pelos dois lados do estreito de Taiwan para tentar reduzir as tensões e melhorar as suas relações", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
MUDANÇA NAS RELAÇÕES
Após perder a guerra contra os comunistas de Mao Tse-tung, em 1949, o líder nacionalista Chiang Kai-shek e suas forças fugiram para Taiwan para estabelecer um governo separado do da China.
A China porém ainda considera Taiwan parte de seu território, com reunificação pendente.
As relações melhoraram desde que Ma chegou ao poder em Taiwan, em 2008. Seu partido, o Kuomintang (KMT), mantém vínculos com Pequim.
Ma deixará o cargo no ano que vem, depois de dois mandatos presidenciais, o máximo que a lei local permite.
A principal formação opositora, o Partido Progressivo Democrático (DPP), com uma atitude mais cética em relação à China, é o favorito para vencer as eleições de janeiro.
Um porta-voz do DPP declarou à imprensa local que o partido não fará comentários sobre o encontro até serem conhecidos mais detalhes.
O Kuomintang sofreu sua pior derrota em uma eleição local no ano passado. Sua estratégia de aproximação com a China teve um papel importante nesta derrota.
Esta aproximação propiciou a ida para a ilha de um grande número de turistas, mas muitos eleitores consideraram que os que mais se beneficiaram foram as grandes empresas, e não a população em geral.
Também tem sido criticada a falta de transparência nas relações.
No ano passado, estudantes fizeram uma inédita ocupação do Parlamento para protestar contra um tratado comercial, afirmando que ele tinha sido elaborado em segredo.