Depois de três anos e meio, líderes da Coreia do Sul e do Japão voltaram a se reunir nesta segunda-feira (2), em Seul.
O primeiro encontro formal entre a presidente sul-coreana, Park Geun-gye, e o premiê japonês, Shinzo Abe, abordou assuntos históricos polêmicos, que estremecem as relações diplomáticas dos países há anos. Entre eles, a escravização sexual de mulheres durante a ocupação japonesa na Coreia
"Espero que a conferência de hoje cure as feridas abertas pela história", disse Park no início da conversa.
Tópicos relacionados às atrocidades cometidas pelos soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) predominaram na discussão. Na agenda, a delicada questão das "mulheres conforto" [comfort women], como eram chamadas as sul-coreanas forçadas a servir de escravas sexuais para os soldados japoneses.
Jung Yeon-Je/AFP | ||
Grupo de mulheres protesta nas imediações da embaixada do Japão, em Seul (Coreia do Sul) |
"ESTAÇÕES DE CONFORTO"
A prática de aprisionamento e prostituição foi comum durante a ocupação japonesa (1910-1945) e se agravou durante a Segunda Guerra Mundial, com a chegada de um número maior de tropas. Nesse período, foram estabelecidos diversos bordéis —as ditas "estações de conforto"—, tanto na Coreia do Sul como na China.
No passado, o governo japonês declarou que a retomada das relações bilaterais entre os dois países e o pagamento de uma compensação financeira, em 1965, além do pedido formal de desculpas, em 1993, já haviam tratado do problema. Os sul-coreanos, porém, defendem que não houve reconhecimento das autoridades japonesas sobre as atrocidades cometidas no período colonialista.
O encontro foi realizado um dia após a cúpula que reuniu as duas autoridades e o primeiro-ministro da China, na qual os três anunciaram a retomada de cooperação entre os países.