Folha de S. Paulo


Avião russo despedaçou-se no ar, diz oficial; caixas pretas são analisadas

O Airbus A321 da companhia russa Metrojet que caiu no sábado (31), na península do Sinai (Egito), despedaçou-se durante o voo, em elevada altitude, espalhando destroços sobre uma vasta região.

"A destruição aconteceu no ar, e fragmentos se espalharam por uma área de cerca de 20 quilômetros quadrados", disse Viktor Sorochenko, diretor do Comitê Intergovernamental de Aviação da Rússia..

Com a queda, morreram todos os 224 ocupantes da aeronave (217 passageiros, sendo 214 russos e 3 ucranianos).

Especialistas em aviação se juntaram a equipes no Sinai em busca de pistas sobre o que fez o Airbus despencar abruptamente quando estava a cerca de 9.500 metros de altitude, apenas 23 minutos depois de decolar de Sharm el-Sheikh, um resort localizado no mar Vermelho.

A desintegração de um avião, em altitude de cruzeiro, é rara se não for associada a algum outro evento –explosão, por exemplo.

Ainda faltam algumas respostas, no entanto. Uma delas é saber se o piloto declarou emergência ou reportou problemas no avião. O exame dos destroços e das caixas pretas de dados e de voz permitirá solucionar o mistério.

BUSCAS

As equipes vasculhavam uma área de 16 quilômetros quadrados. Por volta do meio-dia deste domingo no horário local (8h no Brasil), 163 corpos já haviam sido recuperados e seriam levados em breve para São Petersburgo, que era o destino do voo.

As análises das duas caixas pretas por especialistas russos e egípcios começaram neste domingo, no Cairo.

Autoridades dos dois países que estudam o caso divulgaram que não encontraram problemas no combustível usado pelo Airbus A321 e que os exames de saúde da tripulação, feitos pouco antes do voo, tampouco apresentavam anomalias.

No sábado, a célula egípcia do Estado Islâmico no Sinai declarou que o avião havia sido derrubado por um míssil da facção.

Autoridades e analistas militares e de aviação consideram pouco provável a milícia ter poder de fogo na região para abater um avião em altitude de cruzeiro.

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, afirmou neste domingo que as investigações podem durar meses e pediu calma.

Em São Petersburgo, centenas de pessoas levaram flores, fotos das vítimas, bichos de pelúcia e aviões de papel para o aeroporto local. Outras foram para igrejas e acenderam velas em memória dos mortos.

O presidente Vladimir Putin declarou dia nacional de luto, e as bandeiras foram hasteadas a meio mastro.

Olga Maltseva/AFP
Moradores de São Petersburgo acendem velas na cidade em homenagem às vítimas da queda do avião
Moradores de São Petersburgo acendem velas na cidade em homenagem às vítimas da queda do avião

O ACIDENTE

A aeronave, um Airbus A-321 operado pela companhia Kogalymavia (conhecida como MetroJet) voava de um resort na cidade de Sharm el-Sheikh, próxima ao mar Vermelho, para São Petersburgo, quando caiu em uma área montanhosa da península de Sinai, ao sul da cidade de Alarixe.

O avião decolou às 5h51 no horário do Cairo (1h51 no horário de Brasília), com boa condição climática, e sumiu dos radares após 23 minutos, quando voava a 9.400 metros de altura.

Pouco antes da queda, de acordo com a emissora americana CNN, o piloto teria ligado para o controle de tráfego aéreo para informar que estava com problemas técnicos e solicitar um pouso de emergência.

A Embaixada da Rússia no Cairo disse ter sido informada pelas autoridades egípcias de que o piloto tentou um pouso de emergência na cidade de Al-Arish, nas proximidades do local do acidente.

"O avião se partiu em dois. Uma parte menor, na cauda, pegou fogo, e a maior colidiu com uma rocha. Retiramos ao menos cem corpos, e os outros ainda estão dentro", declarou à Reuters um integrante das equipes de resgate.

Por motivo de segurança, as companhias europeias Air France e Lufthansa desviaram temporariamente todos os voos que sobrevoam a península do Sinai. Apenas as aeronaves que vão para cidades da região deverão passar por lá.


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