Folha de S. Paulo


Autores de ataque na Colômbia se esconderam na Venezuela, diz general

O comandante do Exército da Colômbia, general Alberto Mejía, disse nesta terça (27) que os mandantes do ataque atribuído ao Exército de Liberação Nacional (ELN) que matou pelo menos 11 soldados e um policial na noite de domingo estão escondidos na Venezuela.

A ação guerrilheira, ocorrida horas depois de eleições locais cujo resultado foi favorável ao governo, também resultou na captura de dois soldados, cujo paradeiro é desconhecido.

No fim da noite desta terça-feira (27), por meio da conta de sua rádio oficial no Twitter, o ELN confirmou a autoria do ataque, mas afirmou que foram 18 os mortos –17 soldados e um policial, de acordo com o comunicado divulgado pela guerrilha.

Foi o ataque mais letal desse grupo guerrilheiro contra a força pública desde o início dos confrontos armados, nos anos 1960, segundo contagem da ONG Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (Cerac).

Juan Pablo Bello/Xinhua/Presidência da Colômbia
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (ao centro), reúne-se com seu Conselho de Segurança
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (ao centro), reúne-se com seu Conselho de Segurança

O general Mejía disse que não havia "nenhuma dúvida" sobre a autoria da ação e afirmou que o chefe do ELN, Nicolás Rodríguez Bautista, conhecido como "Gabino", e seu círculo mais próximo estão no país vizinho.

Segundo o comandante do Exército colombiano, isso explica a forte presença do ELN em regiões fronteiriças.

O general não deixou claro se enxerga possível cumplicidade das autoridades venezuelanas com a guerrilha, que, segundo ele, possui 3.000 combatentes armados.

O governo venezuelano não se pronunciou sobre as declarações de Mejía.

Em anos recentes, supostos vínculos entre Caracas e guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) geraram fortes atritos entre os governos venezuelano e colombiano.

Ao contrário das Farc, que mantêm desde 2012 diálogo de paz formal com o governo, o ELN continua na clandestinidade e na ofensiva.

No último ataque, guerrilheiros atacaram com fuzis um comboio militar com cerca de 30 soldados que levava urnas contendo os votos de comunidades indígenas instaladas numa área montanhosa de difícil acesso, situada 250 km ao norte de Bogotá.

O Exército não costuma manter presença na área e, por isso, os soldados não conheciam o terreno, o que os tornou mais vulneráveis ao ataque, de acordo com relatos de imprensa.

As eleições regionais do último domingo consagraram a vitória de prefeitos, vereadores e governadores ligados à coalizão de governo liderada pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

O resultado foi interpretado como um fortalecimento dos setores favoráveis ao diálogo com as Farc, mas se especula que este último ataque aumente resistências de parte da sociedade a futuras conversas com o ELN.

Com agências de notícias


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