Folha de S. Paulo


Após protestos de estudantes, África do Sul congela tarifas de faculdades

Milhares de estudantes protestaram nesta sexta-feira (23) contra o aumento das anuidades das universidades na África do Sul. A mobilização é a maior de uma série de protestos contra o governo que ocorrem desde o início da semana.

Os universitários pressionam o presidente Jacob Zuma a baixar as tarifas. Em resposta aos protestos, ele revogou nesta sexta o aumento de 10,5% que era previsto para as taxas pagas pelos alunos no próximo ano letivo.

Na frente da sede do governo sul-africano, em Pretória, estudantes vindos de Johannesburgo, a maior cidade do país, e de outras regiões se juntaram com os alunos de universidades locais no maior dos atos contra o aumento das anuidades.

Para evitar o avanço dos estudantes, a polícia colocou grades de arame farpado e cercas de metal. Porém, isso não evitou que grupos mais radicais atirassem paus e pedras e tentassem escalar as barreiras colocadas pelas forças de segurança.

Alguns manifestantes queimaram pneus e banheiros químicos no descampado em frente aos Prédios da União. A polícia respondeu com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos d'água contra a multidão.

Os confrontos não cessaram inclusive depois do anúncio do congelamento das tarifas, feito por Zuma por comunicado e repetido por policiais. Depois que a informação correu entre os manifestantes, o protesto se dispersou.

PARALISAÇÃO

O protesto foi o ponto alto de um dia de paralisação dos estudantes em todas as universidades. Como a população do país, a maioria dos manifestantes é de negros, que são os que mais sofrem com os aumentos das anuidades.

A elevação fazia parte de uma série de medidas para enfrentar a crise que afeta a economia da África do Sul desde 2009. Nos últimos anos, as autoridades também retiraram subsídios dos estudantes mais pobres.

Na quinta (22), o ministro da Educação, Blade Nzimande, havia oferecido aos representantes dos estudantes uma redução do aumento para 6%. A proposta não foi aceita pelos estudantes.

Ao anunciar o congelamento, Jacob Zuma também prometeu discutir outros problemas dos estudantes, como o racismo nas universidades ou suas demandas para uma educação superior gratuita.


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